Avelino Andrade: Economia estagnada não barra crescimento do mercado imobiliário brasileiro

Avelino Andrade

Colunista discorre sobre o mercado imobiliário e sua relação com a economia em geral e mercado financeiro (Imagem: Divulgação)

Já parou para refletir sobre como era a relação dos seus pais com dinheiro e como você investe e planeja suas reservas hoje em dia? A diferença mais óbvia e aparente, certamente, tem origem com a Internet, que revolucionou os meios de pagamento e o universo de transações e aplicações financeiras.

Contudo, mesmo diante de contextos discrepantes, a forma majoritária de se investir continua, em geral, a mesma. Muito se fala em fintechs, plataformas de microcrédito e de criptomoedas, mas, para a maior parte dos brasileiros, o acesso ao mercado financeiro continua limitado – um quarto da população segue desbancarizada, segundo o IBGE -, a Bolsa tem pouca atratividade e a poupança e os fundos de renda fixa prevalecem como as opções majoritárias de investimento.

Há uma série de fatores que tentam explicar esse descompasso entre oferta e demanda, porém uma análise superficial do cenário atual oferece certo senso de urgência para uma prudente mudança de rumo. Diante de previsões de baixo crescimento do PIB para 2023, balança comercial estagnada, inadimplência em alta, crédito curto e taxas de desemprego que não dão sinais de distensão, investir com sabedoria é uma prerrogativa mais do que necessária.

Em junho, pela décima vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (COPOM) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano, o que colocou o mercado financeiro em sinal de alerta. O que isso quer dizer? Há uma considerável possibilidade de deflação nos próximos meses – um problema para quem tem investimentos em renda fixa, já que a maioria deles está ligado à taxa de juros. Sabemos, por exemplo, que hoje os dez maiores fundos de previdência rendem menos do que uma aplicação em CDI.

Agora, voltando à questão da comparação de gerações, cite um investimento que os seus pais especulavam e, se tivessem uma folga financeira, fariam sem pestanejar? Comprar imóveis para viver de renda no futuro é uma opção bastante plausível, não?

A boa notícia é que a chamada ‘aposentadoria imobiliária’ atualmente não depende, necessariamente, de se ganhar na loteria ou receber uma herança inesperada. Uma das possibilidades em crescimento no mercado é a do consórcio que, ao contrário do que se possa imaginar em um primeiro momento, não é mais apenas uma alternativa menos onerosa para um dia adquirir a casa própria.

Funciona da seguinte forma: o consorciado adquire uma cota de consórcio e, após a contemplação, compra um imóvel e o aluga. Com o dinheiro da locação, paga as parcelas restantes do plano e repete a operação, até formar uma carteira de imóveis.

Além de renda vitalícia, a ideia aqui é aumentar o patrimônio com um investimento que tem ou está tendo uma rentabilidade maior do que diversas previdências privadas. Além disso, com o consórcio, a partir do primeiro mês, ele já tem a possibilidade de ser contemplado e investir na aquisição do imóvel que irá gerar renda extra.

Mas, o mercado imobiliário não está em baixa? Ao contrário, ele dá todos os sinais de que é o fim definitivo do biênio negro do setor (2016/2017). Um levantamento feito pela Cbic & Câmara Brasileira da Indústria da Construção – revela aumento de quase 10% na venda de imóveis residenciais entre janeiro e março deste ano, em comparação ao mesmo período de 2018.

O número de investidores em fundos imobiliários, por sua vez, mais que dobrou nos últimos 12 meses, segundo a B3, superando a marca de 317 mil pessoas em abril, em um crescimento de 10,6% em relação ao mês anterior.

No começo do artigo, sugeri uma reflexão sobre a sua relação e a dos seus pais com o dinheiro. A despeito das mudanças provocadas pela chamada economia digital, que veio para ficar e ainda vai transformar radicalmente o universo financeiro, o investimento em imóveis continua sendo uma ótima alternativa, mesmo na era dos bits e bytes.

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