Fundamentos do etanol ganham mais força e justificam recomendação do BTG às ações do setor

Competitividade sobre a gasolina mantém perspectivas positivas para o etanol, elevando valor das usinas (Divulgação: Facebook dos Postos Ipiranga)

A recomendação do BTG Pactual para ações das produtoras de etanol seguem na esteira do consumo forte, preços em potencial de elevação e as perspectivas com o RenovaBio. A instituição listou a Cosan (CSAN3) e a São Martinho (SMTO3), mas deixou de fora a Biosev (BSEV3).

Sem adicionar a situação mais explosiva no Oriente Médio desde ontem e o potencial de alta do petróleo (mais de 15% de alta em Londres até 14h30), oportunizando mais ganhos ao biocombustível com menor competitividade de gasolina em caso de um conflito entre Arábia Saudita e Irã, os analistas do BTG falam em “resiliência” do consumo, por exemplo. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, em julho foi de 1,86 bilhão de litros, proporção que vem se mantendo em um ano-safra em que o etanol supera mais uma vez a produção do açúcar que não sai de mínimas históricas.

No acumulado de 2023, a comercialização passou dos 30% de expansão.

A produção, segundo a Unica, foi de 1,9 bilhão de litros na segunda quinzena de agosto, alta expressiva igualmente, e a perspectiva de 31 a 33 bilhões de litros durante a safra está mantida. Ocorre que a produção tende a enfraquecer com final da safra chegando e empresas grandes tendo regular estoques para a entressafra. Portanto, mantém-se a perspectiva de alta.

Nesta segunda (16), usinas base Ribeirão Preto estão pedindo até R$ 2,15 pelo litro, mas com vendas apenas pontuais e para distribuidoras sem volume mínimo. As indústrias estão na carona da volatilidade do petróleo, apurou a Safras & Mercados. Assinado pelo analista Maurício Muruci, em 10 de setembro a consultoria apontava potencial de alta do etanol para R$ 2,21 em outubro, R$ 2,23 em novembro e R$ 2,27 em dezembro.

Quanto ao RenovaBio, que projeta dobrar a produção em 10 anos, os resultados demorarão a aparecer a partir de seu início, em janeiro próximo. Contudo, a largada do novo programa de biocombustíveis será dada nesse cenário descrito de consumo melhor e preços firmes, o que se reflete nas expectativas setoriais positivas.

Sucroenergéticas

O BTG destaca a Cosan, que obteve lucro líquido de R$ 418 milhões no segundo trimestre. A maior produtora mundial eleva seu valor com o potencial distribuidor que a parceria com a Shell, na Raízen, assegura.

A São Martinho encolheu em 12% o lucro no primeiro trimestre (último balanço divulgado), porque notoriamente ficou presa às fixações de açúcar no mercado internacional – que a própria companhia anunciou depois que iria diminuir – e também, segundo especialistas, porque tem menor flexibilidade de produzir mais etanol.

A empresa do grupo Louis Dreyfus, a Biosev, conseguiu diminuir seu prejuízo trimestral, cortando custos, e no começo do mês conclui a venda da Usina Estiva por R$ 217,9 milhões, o que certamente melhorará o nível de alavancagem. Excluindo questões de perfil de dívida e gestão, o potencial com o etanol da Biosev é igual ao das demais.

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