Olivicultura cresce, atrai player e pode reproduzir nacionalmente o fenômeno da uva no Nordeste & Final

Oliveiras no RS se expandem a uma taxa de mais de 30% ao ano e mais de 30 municípios (Ibraoliva)

Uma cultura que sai de 100 hectares para mais de 6,5 mil em 10 anos, já atrai player mundial e cresce com investidores não tradicionais do agronegócio, além de colocar o Brasil no mapa da produção internacional de qualidade, tem tudo para reproduzir, a nível nacional, o fenômeno que foi a fruticultura de clima temperado no Nordeste. Com base nesses dados, a olivicultura faz uma aposta real e não meramente emocional.

Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Espírito Santo experimentam a produção de azeitonas e azeite de oliva, sendo que nos dois primeiros estados o negócio já amadurece mais no plano comercial e nos outros o nível é de experimentação. Em Minas, como trouxe 💥️Money Times (27/9, veja em ✅Leia também), o perfil pioneiro esbarra no relevo e nas poucas áreas disponíveis nos contrafortes da Serra Mantiqueira (onde o inverno mais rigoroso é o ideal), mas no Rio Grande do Sul as condições gerais são mais propícias e mais esparramada na altura do Paralelo 30, basicamente no Sudeste e Sudoeste.

“São de 65% a 70% das terras plantadas brasileiras e que nesta safra parte das plantações (nem tudo está em produção ainda) rendeu 189 mil litros de azeite dos 240 mil produzidos no Brasil”, diz Paulo Marchioretto, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva). Ele próprio é um exemplo de entrantes no negócio: advogado em Porto Alegre e com 16 hectares que começam a produzir em 2023, com projeto para mais 15 hectares.

Os agricultores tradicionais estão em número menor na atividade, que leva cinco anos para produzir e no mínimo oito para ter escala e “começar ver a cor do dinheiro”. O custo de implantação no Rio Grande do Sul, nesta altura de 2023, está em torno de R$ 26 a R4 30 mil por hectare, considerando para aquele entrante que já tem a terra.

Outro exemplo citado pelo empresário é o Grupo Sovena, português, dono da tradicional marca Andorinha, que procura área de 5 mil hectares no estado para implantar olivais, depois de pesquisar Uruguai e Chile. “Agora a empresa pesquisa na região da Campanha Gaúcha, pelos lados de Bagé”, avisa Marchioretto. O grupo português, através de sua assessoria de comunicação, negou, contudo, o interesse por terras, acentuando, ainda, que já lançou rótulo com azeite extraído no Brasil em parceira com Olívio Pampa, produtor de Santana do Livramento (RS).

Nessa toada, o crescimento da atividade gaúcha chega acima de 30% ao ano, com os pioneiros também diversificando o mix de produto. O presidente da Ibraoliva menciona a família Batalha, da região de Pelotas, o maior plantador individual do Brasil (500 hectares), dona da marca Azeite Batalha, que agora parte para a produção de azeitona de mesa, em conserva. Assim como outros também plantam variedades com dupla finalidade, como nas terras de Marchioretto.

Enquanto a azeitona de mesa importada é mantida em soda cáustica, para dar mais maciez, porém com passivo ambiental, os produtores gaúchos já vêem a possibilidade da conserva em salmoura. Demora mais para atingir o ponto comercial – até um ano – o que implica em um tempo de espera considerável, mas o viés perseguido, segundo a Ibraoliva, demonstra que o setor corre para ficar mais maduro, abrindo novas frentes do negócio.

Atualmente, o azeite nacional, seja de onde for, como o caso do Verde Oliva, publicado aqui, entra em boutiques e feiras diferenciadas. Não há escala – menos de 0,5% do consumo nacional – e isso inflaciona os preços, mas há um público gourmet e chefs de cozinha que já apreciam com fidelidade algumas marcas brasileiras. “Afinal, já temos 50 medalhas internacionais em concursos de qualidade”, afirma o presidente da Ibraoliva.

Mas já há redes gaúchas negociando com produtores a entrada de algumas marcas de alguns dos 250 olivicultores.

O negócio começa a gerar receitas em ações paralelas também. Como nas estâncias de uva gaúchas, que abriram suas portas para o turismo rural, até com a construção de pousadas, os estancieiros da azeitona tentam repetir a dose. Foi criado o circuito Rota das Oliveiras, em 25 municípios, em com planos de agregar outros, nos quais os turistas conhecem as plantações, fazem degustação e mesmo refeições, vão poder se hospedar nas próprias propriedades e levar para caso, claro, alguns litros do azeite Made In Brazil.

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