Dyson desiste de fabricar carros elétricos e soa alarme no setor

A Dyson é uma das empresas mais renomadas a sair de um setor que atraiu centenas de startups nos últimos anos, com o objetivo de se tornar a próxima Tesla (Imagem: Reprodução/Facebook Dyson)

A repentina decisão da Dyson de abandonar suas ambições no mercado de veículos elétricos é o mais recente teste de realidade no até então promissor setor.

A fabricante de aspiradores de pó e secadores de cabelo não conseguiu encontrar uma maneira de viabilizar comercialmente o projeto, disse o bilionário James Dyson em carta aos funcionários na quinta-feira. O anúncio ocorre cerca de dois anos após a empresa ter divulgado pela primeira vez planos de iniciar a fabricação de automóveis.

A Dyson é uma das empresas mais renomadas a sair de um setor que atraiu centenas de startups nos últimos anos, com o objetivo de se tornar a próxima Tesla. Mas há sinais crescentes de que a bolha está estourando: a China diminui os incentivos ao setor e a concorrência aumentou. O Sanford C. Bernstein estima que as vendas globais de veículos elétricos caíram pela primeira vez em julho e teriam encolhido 23% em agosto.

“O futuro da Tesla permanece incerto. Quase todas as startups de veículos elétricos que tentam segui-la parecem desafiadas”, disseram analistas do Bernstein, como Max Warburton e Robin Zhu, em relatório que citou a decisão da Dyson como um acontecimento preocupante no setor. “A maioria dessas startups provavelmente vai desistir. A verdade é que as barreiras de entrada no mercado automotivo continuam altas. Fabricar carros é difícil. A mudança para os veículos elétricos será cara.”

Um exemplo é a NIO, uma das fabricantes de carros elétricos mais importantes da China, que produz cerca da metade dos veículos elétricos do mundo. No mês passado, a empresa divulgou prejuízo trimestral maior que o esperado, levando as ações a uma baixa recorde. Analistas agora questionam abertamente a viabilidade da empresa.

A competição também está mais acirrada. Além da Tesla, montadoras tradicionais como General Motors e Volkswagen estão investindo pesado em eletrificação. A Volks prometeu um investimento de US$ 33 bilhões para levar automóveis movidos a bateria para as massas. E a Apple possui um projeto automotivo desde cerca de 2016, embora digam que a empresa agora tem planos menos ambiciosos.

Quanto à Dyson, a empresa disse que planeja continuar seu programa de investimentos de 2,5 bilhões de libras (US$ 3,1 bilhões) em novas tecnologias e se concentrará na fabricação de baterias de estado sólido e outras tecnologias, incluindo aprendizado de máquina e robótica.

“Cingapura desempenhará um papel importante nos planos de crescimento da Dyson“, disse Tan Kong Hwee, diretor-gerente adjunto do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Cingapura, em comunicado enviado por e-mail na sexta-feira. Apesar da decisão da Dyson, Cingapura “continua interessada em atividades avançadas de fabricação, inclusive para veículos elétricos“, disse.

Especialistas haviam questionado o custoso investimento da empresa para construir uma fábrica de carros elétricos em Cingapura, onde os salários médios estão entre os mais altos do mundo. A Ford Motor fechou sua fábrica na cidade-estado há cerca de 40 anos, encerrando efetivamente a produção de carros na ilha.

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