Sidnei Nehme: BC deve vender só dólares à vista
Mudança se vislumbra está ancorada na melhora consistente dos dados da atividade econômica e retomada das recomendações sobre o Brasil por instituições financeiras internacionais (Imagem: Robert Nyman/Unsplash)
Há convicção de que o fluxo cambial para o 💥️Brasil passe a gradativamente apresentar a inflexão conduzindo-o a positivo, com um fato relevante que é a “qualidade” dos recursos não mais especulativos.
Dado a impossibilidade de montagens de operações estruturadas (carry trade) com arbitragens de juros para geração destes recursos, o que será importante por terem caráter mais duradouro no nosso 💥️mercado e não somente o ganho rápido.
Contudo, esta mudança que se vislumbra está ancorada na melhora consistente dos dados da atividade econômica e retomada das recomendações sobre o Brasil por instituições financeiras internacionais, e sugere que ocorra como dito gradativamente, o que ainda exigirá do 💥️Banco Central intervenção no 💥️mercado de câmbio.
Porém, somente no mercado à vista com venda de dólares à vista até que se torne efetiva a retomada positiva do fluxo.
Ao persistir na oferta conjugada de 💥️moeda à vista com swaps cambiais reversos não logrará sucesso, primeiro porque é cadente o interesse em swaps cambiais reversos e isto “trava” (neutraliza) a possibilidade do BC fazer chegar liquidez à vista no mercado.
O BC já reduziu as reservas cambiais brasileiras em torno de US$ 24 bilhões e “parece” ter certo cuidado ao não assumir isto objetivamente, razão pela qual procura dissimular esta percepção com a introdução do conceito de “Posição cambial líquida”, um sofisma.
BC já reduziu as reservas cambiais brasileiras em torno de US$ 24 bilhões (Imagem: Reuters/Adriano Machado)
Swaps cambiais reversos ou mesmo swaps cambiais tradicionais não envolvem moeda efetiva, são derivativos liquidáveis por diferença em reais, então, a despeito de ter impactos operacionais no mercado de câmbio não são “iguais”.
Há claros sinais de que a demanda no mercado à vista está mais consistente do que no mercado futuro, e isto indica que o BC deve restringir sua intervenção somente ao mercado à vista e supri-lo com liquidez, de forma pontual, pois afinal o país tem reservas cambiais para equalizar a oferta e procura do mercado, comprando os excessos ou vendendo a carência.
Esta ação será inclusive “profilática” como 💥️política monetária para evitar contaminação inflacionária nos preços relativos da economia, que uma vez agregados se tornam resistentes quando há inversão do preço da moeda estrangeira.
O 💥️Boletim Focus já elevou a projeção do 💥️IPCA para o final deste ano e não se pode afirmar que já não exista a contribuição da alta do 💥️dólar, e reajustou também a perspectiva do preço da moeda americana para o final do ano elevando-a para R$ 4,10, o que acreditamos prematuro.
Brasil sofre sim a saída dos capitais especulativos estrangeiros aqui alocados e que perderam a condição de manutenção em nosso mercado (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
Pois ainda identificamos possibilidade de que recue a R$ 4,00, desde que se confirme a inflexão do fluxo cambial que terá força indutora a enfraquecer o viés de sustentação da alta.
O Brasil não sofre, como tem sido enfaticamente propagado, fuga de recursos por “aversão ao risco”, pois detém excelente CDS, ontem 124 pontos, e sua 💥️economia dá sinais de revitalização o que já conduziu a projeção do crescimento do 💥️PIB neste ano para 1,0% e para o ano que vem em 2,5%.
O Brasil sofre sim a saída dos capitais especulativos estrangeiros aqui alocados e que perderam a condição de manutenção em nosso mercado, e isto decorre da mudança acentuada do perfil do país, agora com juro baixo e 💥️inflação baixa.
frágil desempenho da balança comercial que este ano até 14/11 registra superávit de tão somente US$ 15,238 bilhões ante US$ 40,568 bilhões, mesmo período em 2018 (Imagem: Pixabay)
Negativo no momento somente o crescimento do déficit em transações correntes que atingiu nos últimos 12 meses algo como 3,0% quando até recentemente circundava os 0,75%, e é um indicador muito considerado.
Em grande parte isto se deve ao frágil desempenho da balança comercial que este ano até 14/11 registra superávit de tão somente US$ 15,238 bilhões ante US$ 40,568 bilhões, mesmo período em 2018, mas nos parece precipitado atribuir ao fato desvalorização do real.
Acreditamos que o país esteja adentrando o momento de mudança do comportamento do fluxo cambial que deverá retomar o positivismo, em especial direcionado no primeiro momento à Bolsa de Valores.
Mas entendemos que nesta fase transitória é imperativa a necessidade do BC manter a intervenção no mercado de câmbio promovendo tão somente a equalização da liquidez no mercado à vista.
Somente a mudança de atitude por parte do BC já será sinalização para atenuar o viés de sustentação da alta atual, até porque não há fundamentos econômicos que sancionem este preço e nem mesmo o quesito oferta/demanda, visto que o BC promoveu volume de vendas das reservas maior do que o déficit do fluxo.
Agora deve manter a oferta à vista sem a conjugação com oferta de swaps cambiais reversos, já que o desinteresse neste pelo mercado neutraliza o fomento da liquidez à vista por serem conjugados e a sinalização do mercado é clara neste sentido, precisa de dólar à vista.
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