Economia global sem desperdício conquista adeptos em Davos
A ideia é substituir o modelo “linear” de crescimento & extração, produção e descarte & e reduzir a pressão sobre os recursos limitados do planeta (Imagem: Reuters/Denis Balibouse)
Quando em 2012 a britânica Ellen MacArthur promovia a ideia de economia circular à margem do 💥️Fórum Econômico Mundial em Davos, a grande atração era a curiosidade sobre o que ela ia fazer depois de sua carreira de velejadora.
Oito anos depois, a visão de MacArthur ganha destaque no encontro anual, e empresas como 💥️Adidas e 💥️Unilever, além da gigante de gestão de ativos 💥️BlackRock, abraçam a causa.
“Tivemos o nosso próprio evento em um dos hotéis e, para ser honesta, a maioria das pessoas veio porque ficou intrigada com o que eu poderia estar fazendo”, disse MacArthur, que já foi recordista mundial de circunavegação solo mais rápida de volta ao mundo. “As coisas mudaram muito desde então.”
Sua fundação defende um sistema econômico no qual a vida útil do produto é estendida e os componentes utilizados repetidamente. O desperdício é eliminado com o design de produtos que podem ser recuperados, reutilizados e remanufaturados.
Em termos práticos, para uma empresa como a 💥️Apple, isso significa fabricar novos 💥️iPhones com peças de modelos mais antigos.
A ideia é substituir o modelo “linear” de crescimento & extração, produção e descarte & e reduzir a pressão sobre os recursos limitados do planeta.
“Precisamos mudar para um negócio circular”, disse Marc Engel, diretor da cadeia de suprimentos da Unilever, em um painel Bloomberg Live em Davos. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas tenho certeza de que chegaremos lá. Se nos dedicarmos a isso, conseguiremos.”
A Unilever está entre as empresas representadas em Davos que estão tomando medidas. A companhia prometeu reduzir a quantidade de embalagens plásticas que produz em 14% por ano até 2025. A Adidas quer quase dobrar o número de sapatos produzidos a partir de plástico reciclado este ano, para 20 milhões.
A 💥️Nestlé também estabeleceu metas para reduzir as embalagens, enquanto o Google começou a assessorar empresas sobre como aproveitar dados para gerenciar melhor os recursos.
A BlackRock lançou um fundo focado em economia circular em outubro do ano passado, em parceria com a Ellen MacArthur Foundation. Com ativos de US$ 23 milhões, é uma gota no oceano para a gestora de recursos de US$ 7,4 trilhões, embora seja um passo significativo já que o CEO Larry Fink colocou a questão ambiental no centro do processo de investimento da empresa.
A adoção em larga escala do conceito não apenas reduziria custos e aumentaria a produtividade, dizem defensores, mas as mudanças climáticas e a poluição também seriam moderadas. O modelo representa uma oportunidade de US$ 4,5 trilhões globalmente até 2030, de acordo com Peter Lacy, autor de ‘The Circular Economy Handbook’.
Mas alguns acadêmicos argumentam que a conceito não aborda o que, na opinião deles, é o problema fundamental: perseguir o crescimento ilimitado. Ainda assim, varejistas também começam a se mexer.
A H&M, criticada por sua participação na chamada “fast fashion” testa um serviço de aluguel de roupas em uma de suas filiais em Estocolmo, bem como um serviço de reparos nas lojas. A startup britânica Hurr oferece aluguel de roupas, assim como a Rent the Runway, em Nova York.
A economia global agora precisa de 100 bilhões de toneladas de materiais por ano, de acordo com a organização sem fins lucrativos Circle Economy, um número que deve mais do que dobrar até 2050. Historicamente, para cada aumento de 1% no PIB, o uso de recursos tem crescido, em média, 0,4%.
O fluxo de materiais responde por mais da metade das emissões em países da OCDE. Reduzir essa demanda insaciável poderia, portanto, contribuir muito para alcançar a meta global de limitar o aumento de temperatura da atmosfera em menos de 1,5 grau Celsius.
“O que estamos vendo é como podemos realmente dissociar algumas das tendências que vimos em termos de aumento de consumo, poluição e emissões das perspectivas de crescimento”, afirmou Helen Mountford, vice-presidente de clima e economia do World Resources Institute. “Já estamos excedendo ou rapidamente nos aproximando de vários limites planetários.”
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