Como se dá o financiamento ao terrorismo com criptomoedas?

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(Imagem: Crypto Times)

Dada a natureza dos blockchains de resistência à censura, a comunidade de inteligência enfrenta dificuldades ao solucionar problemas de financiamento ao terrorismo com o uso de criptomoedas.

Em um trecho do relatório Crypto Crime de 2023, a Chainalysis descobriu que a sofisticação técnica das campanhas de financiamento de terrorismo que fazem uso de criptoativos avançou de forma significativa.

Para destacar esse avanço, Chainalysis fornece dois casos de estudo: um que aconteceu entre 2016 e 2018 e outro que aconteceu em 2023.

Em 2016, Ibn Taymiyya Media Center (ITMC), o meio de comunicação do Conselho Mujahideen Shura (MSC) nos Arredores de Jerusalém, um grupo jihadista situado em Gaza, se tornou a primeira organização terrorista a lançar uma campanha pública de financiamento coletivo usando criptomoedas.

Em uma campanha chamada “Jahezona” (algo como “Prepare-nos”, em árabe), o grupo pediu que possíveis doadores o ajudassem a levantar dinheiro para comprar armas.

A campanha foi realizada entre junho de 2016 e junho de 2018 e o ITMC usou várias plataformas de redes sociais para promovê-la e compartilhar um endereço de bitcoin para que os doadores enviassem fundos.

Usando suas ferramentas de análise, Chainalysis conseguiu delinear uma imagem de qual era a origem das doações e para onde foram enviadas.

Durante os dois anos da campanha de financiamento, ITMC recebeu dezenas de milhares em criptomoedas a partir de mais de 50 doações individuais.

Em janeiro de 2023, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam (AQB), ala militar do Hamas, começaram a levantar bitcoin em uma das maiores e mais sofisticadas campanhas de financiamento ao terrorismo baseadas em criptoativos nunca antes vistas, de acordo com a Chainalysis.

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(Tradução feita a partir do gráfico fornecido pela Chainalysis)

AQB lançaram três subcampanhas separadas, iterando seus métodos cada vez que enfrentavam desafios.

Na primeira subcampanha, lançada em janeiro, o grupo começou a mostrar um QR code embaixo de uma mensagem escrito “doe ao jihad” em seu site. O endereço de bitcoin estava associado a uma conta de uma corretora regulamentada nos EUA. A conta foi rapidamente encerrada e o indivíduo que a criou foi investigado.

A segunda subcampanha começou com as AQB substituindo o endereço de bitcoin em seu site com um novo, ligado a uma carteira privada e não custodial. Apesar das precauções adicionais utilizadas para aumentar a anonimidade, a Chainalysis conseguiu rastrear doações enviadas do e para o endereço.

No entanto, logo em seguida, AQB lançaram uma terceira subcampanha bem mais avançada. Nela, AQB integraram uma carteira de bitcoin em seu site, que gerava um endereço exclusivo de bitcoin para cada doador.

Além disso, AQB publicaram vídeos com instruções de como doar da forma mais anônima possível. Essa última campanha (que ainda está no ar) se tornou difícil de ser rastreada por conta dos endereços exclusivos usados por cada doador.

Porém, a Chainalysis conseguiu descobrir a origem de alguns endereços ao usar uma combinação de documentos jurídicos de casos parecidos, de endereços das primeiras duas subcampanhas e de suas ferramentas de análise.

Em apenas nove meses, AQB levantou quase a mesma quantia que o ITMC levantou durante dois anos.

O relatório da Chainalysis destaca a importância de ferramentas de análise utilizadas para entender o que acontece em blockchains públicos.

O que você está lendo é [Como se dá o financiamento ao terrorismo com criptomoedas?].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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