Soja: nem coronavírus, nem concorrência dos Estados Unidos abalarão janela chinesa
Demanda chinesa acima da produção não deverá ser muito abalada pela crise epidêmica no país (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
Qualquer que seja a magnitude da menor atividade econômica chinesa em 2023, como reflexo dos prejuízos que o coronavírus está dando e poderá dar ainda – a depender de se e quando haverá controle – a soja não deverá ser muito impactada. Nem mesmo a concorrência dos Estados Unidos naquele mercado, depois do acordo comercial, oferecerá pressão alarmante.
A China buscou no Brasil 2 milhões de toneladas na semana passada. E mais 1 milhão/t nos Estados Unidos. “O país está voltando às compras e não tem como escapar, mesmo que a demanda total não cresça”, avalia Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Ele já havia dito ao💥️ Money Times que mesmo sem a queda de tarifas de 25%, que Pequim cobra dos Estados Unidos, os chineses precisarão da soja daquele país também.
A necessidade de acelerar a retomada da produção de suínos também é outro sinal que o analista enxerga como positivo.
Os números estimados de 15 a 20 milhões/t de déficit global são muito elevados para pensar que uma queda do PIB chinês possa anular as necessidades do maior importador global da oleaginosa.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), lembra Brandalizze, testaram os US$ 8,70 o bushel e “os vendedores saíram do mercado e só ficaram compradores”. Veio a reação dos preços.
“Há espaço para US$ 9,50 a US$ 10,00”, crava, sobretudo porque no final do mês sai relatório do Departamento de Agricultura americano (USDA), com a primeira estimativa da safra de lá e o mercado já monitora no mínimo a falta de mudanças, diante de um inverno rigoroso e atrasado.
Também o adicional de 5% na produção brasileira, por exemplo, se a safra ficar em 120 milhões/t, conforme a Conab e uma média entre analistas, não significa que precisaria ser exportado, reporta o consultor. Vlamir Brandalizze prognostica que o biodiesel vá precisar de 4 milhões/t em 2023.
As estimativas de 72 milhões/t de exportações brasileiras pode acabar sendo 2 milhões/t menor, ficando igual à safra passada, quando se prevê 70 milhões/t.
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