Crédito cooperativo ao agro, já “voando”, ganharia com revisões sobre recursos controlados

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Crédito rural pelas cooperativas de crédito está bem presente e melhoraria com revisões do Banco Central (Imagem: Pixabay)

Em 4,50%, a taxa Selic já estava bem mais baixa que o crédito controlado oferecido para o meio rural. Aliás, mesmo quando estava abaixo de 6%, diante de juros travados entre 6% e 8%. Em 4,25%, o novo patamar, os recursos “subsidiados” repassados pelos bancos perderam mais ainda competitividade.

Se o Banco Central (Bacen) quiser estimular o crédito cooperativo a dobrar de tamanho, como foi anunciado na segunda (17), as linhas ofertadas para o agronegócio, em particular, teriam mais impulso se houvesse revisões no sistema.

“Entendo que sim (as cooperativas poderiam aumentar seu poder junto ao mercado rural), mas o modelo talvez teria que ser revisitado quanto aos limites e linhas”, diz fonte do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), que pede anonimato porque ainda não é posicionamento oficial da instituição.

Tanto as “taxas controladas estão muito acima da Selic”, quanto o “BNDES não tem fôlego nem para três meses de liberações”, completa o executivo.

Para Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), ainda não se “vê nenhum estímulo direto do Bacen” nesse sentido direto para as cooperativas de crédito. A esperar, portanto.

Ainda assim, a participação das cooperativas de crédito na oferta para a agropecuária é forte diante dos R$ 119,8 bilhões da safra 19/20 (R$ 109,2 bilhões na anterior) repassados pelo sistema financeiro nacional. Com alta sobre a safra 18/19.

Participação

De junho a janeiro último, segundo dados do Bacen, o Sicredi aparece em segundo lugar, atrás do Banco do Brasil, e o Sicoob em quarto, à frente do Santander. Respectivamente, R$ 13,040 bilhões e R$ 7,965 bilhões.

Somadas, as duas redes cooperativistas participaram com aproximadamente 18% do total.

A explicação é consequência da evolução desde a crise econômica herdada. “Quando as condições do País ficaram ruins, na nossa recessão de 2015 e 2016, os bancos tradicionais se encolheram e as cooperativas se expandiram, acreditando no produtor e tomaram risco, mas tiveram um imenso crescimento. Ganharam muito share e acho que não perdem mais”, acentua.

E acrescenta: “As cooperativas de crédito estão voando há tempos”.

Quanto à chance de participação maior das cooperativas, o presidente do Sicredi Vale São Francisco, Antônio Vinícius Ramalho Leite, está otimista. “Recebemos com boas expectativas a informação de que o governo quer aumentar de 9% para 20%, até 2022, a participação de mercado das cooperativas nas linhas de crédito (crédito pessoal não consignado, crédito rural e capital de giro para empresas)”, ressaltou.

Ele não comenta a questão dos juros e linhas que precisariam de mudanças.

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