Fusão Eneva-AES Tietê: para quem recebe dividendos da AES, valor pode ser baixo
Decisão: acionistas têm razões distintas para investir na AES (Divulgação/Facebook/AES Tietê)
Há vários argumentos para sustentar a oferta que a 💥️Eneva 💥️(ENEV3) apresentou para se fundir à 💥️AES Tietê 💥️(TIET11), por 💥️meio de uma operação de troca de ações. Mas, para a 💥️Ágora Investimentos, este é o momento de fazer a pergunta mais básica: os acionistas da geradora paulista concordarão?
E a resposta não é tão simples.
Francisco Navarrete e Ricardo França, que assinam o relatório da Ágora, lembram que a base de acionistas da AES Tietê é bastante diversificada, o que significa, na prática, que os investidores estão na companhia por motivos distintos.
O grupo americano AES é o controlador, com 64% das ações ordinárias, mas apenas 24% do capital total.
O BNDESPar, braço de participações do 💥️BNDES, detém 28%, seguida pela 💥️Eletrobras, com 8%, e pelos minoritários, com 39%. A dupla de analistas acrescenta que, por ser listada no Nível 2 de governança corporativa da 💥️B3, as ações preferenciais têm o mesmo poder de voto que as ordinárias.
Assim, a americana AES, na prática, não pode decidir nada sozinha.
E é aí que entram os interesses de um grupo de investidores que pode ser decisivo para o desfecho da oferta: aqueles que estão na AES Tietê sobretudo para lucrar com dividendos.
A geradora paulista, aliás, costuma figurar com frequência nas carteiras recomendadas por bancos, gestoras e casas de análise para quem busca boas pagadoras de 💥️dividendos.
Em fevereiro, por exemplo, 💥️ela foi citada por quatro de 18 relatórios de dividendos analisados pelo 💥️Money Times, ficando em sexto lugar nas recomendações.
“Do ponto de vista dos acionistas da AES Tietê, acreditamos que o negócio pode ser atraente, mas a questão será que a base de acionistas é formada por investidores que buscam renda”, explica a Ágora.
Pode melhorar
A gestora do Bradesco observa que os lucros líquidos estimados para 2023 e 2023 são, respectivamente, de R$ 500 milhões e R$ 550 milhões. Isso implica, nas contas dos analistas, num dividend yield de 7% a 8%, versus uma taxa básica de juros (Selic) de 4,25% ao ano.
Eneva: atual proposta embute um prêmio de 13% para as ações da AES Tietê (Imagem: Divulgação/Eneva)
“Alguns podem argumentar que [a AES Tietê] poderia exigir que a Eneva pague um preço mais alto”, dizem os analistas. O contra-argumento é que as concessões da AES Tietê expiram em 2029 e, portanto, não há como calcular a perpetuidade dos dividendos.
A Ágora enxerga poucas chances de que a iniciativa da Eneva cause uma guerra de ofertas pela AES Tietê. A 💥️Engie 💥️(EGIE3) está mais focada em concluir seus projetos de gasodutos e em encontrar uma solução para a hidrelétrica de Jirau.
A 💥️CESP 💥️(CESP6) está preocupada em se preparar para uma possível privatização.
O estatuto da 💥️Ômega 💥️(OMGE3) proíbe a aquisição de ativos em construção – caso de alguns projetos da AES Tietê. Sobrariam os chineses da State Grid, que já controla a 💥️CPFL; CTG, que já tem uma atuação relevante no país; e SPIC.
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