Hedge do café protegerá produtor, mas melhora dos preços só no final do ano diminui volume
Proteção contra a queda do café tem bons volumes de travamento futuro (Imagem: Victor Moriyama /Bloomberg)
No momento em que as mais importantes cadeias de commodities brasileiras observam os reflexos de sua dependência de um mundo comprador em convulsão, e cercado de incertezas sobre o quanto a pandemia do coronavírus vai subtrair do fluxo de comércio e das cotações, a questão do hedge assume maior importância.
No café, como nas demais setores de importância do agronegócio nacional – soja, milho, algodão e açúcar, além das carnes, que não são commodities -, as travas futuras são parte essencial do negócio em um percentual substancial da produção.
A proteção antecipada alivia as pressões dos exportadores sob o risco de assumirem vendas precificadas em mercados futuros de alta instabilidade – e em viés de baixas & como os atuais. E sem compradores.
Mas se os preços do café estivessem melhores antes dos avanços do último bimestre de 2023, o volume poderia ser maior, avalia Marcus Magalhães, CEO da Maros Corretora e da MM Cafés, do Espírito Santo. Ele calcula em torno de 30% do total da safra brasileira hedgeada nos “futurões para liquidação financeira a partir de maio”.
“Como os preços melhoram só no final do ano, os exportadores tiverem pouco tempo hábil para abrirem posições vendidas”, analisa Magalhães.
Na Cooxupé, maior cooperativa e exportadora do Brasil, Lúcio Dias, superintendente comercial, já tem contabilizado a venda assegurada de pouco acima de 50% do café a ser embarcado. Da safra projetada de 6,8 milhões de sacas, as exportações devem chegar a pouco mais de 5 milhões. A colheita começa em maio.
“O hedge é simples e seguro para quem faz bem feito. É a combinação da venda do diferencial para torrador e dealer e a venda de moeda e futuro”, conta Dias, lembrando que esses “futuros” também são feitos com bancos.
Lúcio Dias e Marcus Magalhães pensam, contudo, que os custos da safra foram cobertos e ajudará a manter o mercado firme, porquanto o produtor não terá necessidade de vender se os preços caírem. Inclusive o executivo da Cooxupé vê os defensivos e adubos caindo com o petróleo também mais baixo.
A produção prevista pelo IBGE de 57 milhões de sacas (3,4 milhões de toneladas), alta de 14% sobre a última. No café robusta, onde os futuros são menos operados & Magalhães acredita em no máximo 5% da futura colheita – a previsão de safra é de quase 15 milhões/t (menos 4%), igualmente segundo o IBGE.
Tanto no arábica quanto no conilon há um volume também de hedge sob barter, com as indústrias de insumos que antecipam as necessidades dos produtores para entrega futura do produto.
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