Soja: apesar da dramaticidade, se pandemia travar logística Chicago dispara
Soja flui normal agora para os portos, mas o futuro ainda reserva um grau de incerteza associado à pandemia (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
Está difícil traçar resenhas futuras. Mais difícil ainda é não tentar traçá-las para buscar resguardar um mínimo de ganhos ou assegurar algumas armas defensivas. Os próximos tempos serão assim em todos os setores, dando como certo o que as autoridades mostram sobre o Brasil: o pico da crise ainda tem mais umas duas semanas para começar e muitas mais para começar a refluir. E a movimentação em geral poderá ser travada compulsoriamente.
A cadeia da soja está nessa gangorra de emoções, após várias sessões de baixas e altas boas nas últimas, ainda que sob pressões normais da crise global. As reações atuais (às 13h25, sobe 1,85%, a US$ 8,59, no vencimento maio) estão vindo da paralisação dos embarques argentinos, da procura pela soja americana, do dólar alto deixando o grão brasileiro mais barato e menor oferta prevista tanto aqui como no país vizinho. E de compras técnicas de especuladores na bolsa de Chicago (CBOT).
Essa avaliação é comum, como para Marlos Correa, trader e analista da InSoy Commodities.
E pode melhorar, caso o padrão de alerta sobre a pandemia no Brasil se consolide nas próximas semanas, comprometendo a logística. O mercado pode ganhar com o aumento do drama.
“O mercado está vendo também a possibilidade de fechamento dos portos com o agravamento dos contágios e pode dar combustível para CBOT porque o comprador acaba ficando com receio de fazer compromissos de embarque de soja nos portos brasileiros”, diz ele.
Perdurando mais alguma crise dessa natureza, o agente de Cascavel (PR) vê o ambiente ficar bullish em Chicago, inclusive porque, acrescenta, a demanda pela soja dos Estados Unidos será grande.
Nas contas de Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, há embarques programados da soja até julho, apesar da colheita já ter sido concluída com exceção do Rio Grande do Sul e em parte do Paraná. Portanto, no pior dos cenários para a pandemia, travando as movimentações e portos, o analista também concorda: “Chicago vai disparar porque a China está com estoques baixos”.
Em termos logísticos atuais, ainda não há problemas, nem gargalos. Edeon Vaz Pereira, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, criado pelas entidades da agricultura do Mato Grosso, avalia que a soja está fluindo bem para os portos (e os embarques estão normais), indústrias e armazéns. E que segue o MPL segue atento, monitorando a situação.
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