Falas de Bolsonaro e Maia contaminam ambiente político e comprometem votações
Em discurso nesta última terça-feira (24), Bolsonaro minimizou o coronavírus (Imagem: Youtube/Planalto)
As falas do presidente 💥️Jair Bolsonaro, minimizando o 💥️coronavírus e desaconselhando o isolamento, e do presidente da 💥️Câmara, 💥️Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre cortes de salários de servidores públicos, conturbaram o ambiente político e contaminaram votações previstas para esta semana, avaliaram três fontes da Câmara dos Deputados.
Não há espaço, relatam, para a discussão ou votação de qualquer matéria minimamente polêmica & medidas provisórias controversas, como a que restringe a Lei de Acesso à Informação (LAI), e matérias que exigem um quórum especial de aprovação, caso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do orçamento de guerra, por exemplo, estão fora do radar por ora.
Segundo uma das fontes, a fala de Bolsonaro tirou qualquer “perspectiva de concertação” política para a votação de temas mais “áridos”, pelo menos na Câmara. Outra fonte indica que só devem ser analisados assuntos “periféricos”.
Na terça-feira, em cadeia nacional de rádio e televisão, Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia, classificando o Covid-19 de “gripezinha” e “resfriadinho”. O presidente também criticou governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição à circulação de pessoas na tentativa de conter o avanço da doença.
Maia, por sua vez, pode ter embolado o meio de campo ao defender, na maratona de entrevistas desde o início da semana, o corte de salários de servidores públicos & incluindo deputados& assunto pouco popular entre os congressistas, segundo uma das fontes. Outra das fontes, no entanto, classificou a declaração como um “ruído”, e credita a piora do quadro político às declarações de Bolsonaro.
O presidente da Câmara vinha defendendo desde a segunda-feira a aprovação PEC do orçamento de guerra, que irá separar do Orçamento os gastos emergenciais de combate à crise do coronavírus. Chegou a mencionar a possibilidade de ela ser votada em sessão remota convocada para esta quarta-feira.
Ainda na véspera, Maia manifestou a expectativa de construir um consenso com líderes sobre o tema. Também mencionou possibilidade de votar ainda nesta semana o chamado Plano Mansueto, encarado como uma porta de entrada para medidas de ajuda a Estados.
Mas a pauta oficial, por ora, traz apenas um item, um projeto que define parâmetros sobre a prestação digital de serviços da administração pública.
Outro problema citado por uma das fontes diz respeito a um movimento que o presidente da Câmara já vinha desenhando: uma restrição das conversas e negociações a um grupo mais seleto de deputados, o que tem trazido certo desconforto a alguns líderes. Nesse contexto, ganha força um cenário de maior pulverização das lideranças, em que não há uma centralização das ações.
Embora a pauta desta quarta da Câmara traga apenas um item, não está descartada a inclusão de alguns temas. Deputados podem se debruçar sobre propostas relacionadas à saúde e proteção social que tenham consenso.
Medidas provisórias, como a que traz mudanças na LAI e outra que tratava, entre outros pontos, da suspensão de contratos de trabalho por 4 meses sem o pagamento de salário & dispositivo posteriormente revogado por Bolsonaro diante da reação negativa& não devem ser votadas. Há uma exceção para possível análise, nesta semana, de eventual MP que trate do seguro-desemprego, se o governo a editar.
No Senado, a pauta já convocada para esta quarta-feira traz projeto que libera saldos de fundos dos Estados, Distrito Federal e municípios, parados em caixa por terem destinação exclusiva, e também projeto que proíbe a exportação de produtos médicos, hospitalares e de higiene essenciais ao combate do coronavírus.
As duas Casas reúnem seus líderes nesta quarta para formalizar as pautas de votação.
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