Corretoras se adaptam ao home office em meio a caos de pandemia
Há empresas com até 95% dos funcionários estão em home office (Imagem: Unsplash/@alvaroreyes)
Além da forte volatilidade nos mercados, as corretoras de valores mobiliários estão se adaptando a um estilo diferente de trabalho em meio à pandemia do 💥️Covid-19, conforme buscam manter o ritmo de suas operações diante de quarentenas que colocaram boa parte de seus profissionais em esquema home office.
“É um desafio enorme pegar 2.300 pessoas da noite para dia e mandá-las trabalhar de casa. Para conseguir operacionalizar isso, tivemos que comprar um número grande de equipamentos, prepará-los e enviar para todos os colaboradores. O time virou noite para conseguir dar conta de tudo em tempo recorde”, afirmou o diretor de tecnologia da 💥️XP Inc (💥️XP), Thiago Maffra.
“Nós vemos áreas inteiras trabalhando de casa e com entregas até mais eficientes do que antes”, acrescentou. “O grande desafio agora é manter a comunicação no ambiente de home office, mas as ferramentas que utilizamos têm dado conta do recado. A XP Inc é dona das plataformas 💥️XP Investimento, Clear e Rico.
O fato de parcela majoritária das operações, tanto de investidores institucionais como de pessoas físicas, já ser via meio eletrônico atenua os efeitos, principalmente nas casas com a tecnologia como pilar das plataformas.
Na 💥️Genial Investimentos, onde 95% dos funcionários estão em home office, o copresidente-executivo Cláudio Pracownik destacou que a tecnologia vem se provando uma grande aliada. “Não tivemos qualquer impacto na nossa produtividade nem no atendimento dos clientes.”
O executivo conta que as reuniões têm ocorrido por videoconferências, os funcionários têm acesso seguro à rede e os ramais estão todos conectados à internet (VoIP), com a telefonia funcionando normalmente como se estivessem no escritório.
Para os profissionais que continuam nos escritórios, as corretoras adotaram medidas como álcool em gel nas mesas, limpeza constante dos ambientes e distanciamento entre os colaboradores, em alguns casos até em andares diferentes.
Para os profissionais que continuam nos escritórios, as corretoras adotaram medidas como álcool em gel nas mesas, limpeza constante dos ambientes (Imagem: Unsplash/@frantic)
“Nós estamos aprendendo”, afirma o diretor e sócio da Nova Futura João Ferreira. Na corretora, os profissionais foram divididos em três equipes, com uma trabalhando no escritório e duas fora, em esquema de rodízio a cada duas semanas. “Mesmo o pessoal que fica dentro estamos separando em ambientes diferentes, aumentando a distância entre as pessoas.”
Na Genial, apenas mesa de operações e poucas pessoas da áreas de suporte, sobretudo em departamentos como de TI, seguem atuando presencialmente. “Essas áreas garantem a estabilidade dos sistemas, a melhor execução das ordens de clientes em tempo real via mesa, por exemplo”, disse Pracownik.
Na BGC Liquidez, o presidente Erminio Lucci contou que as reuniões estão ocorrendo por meio de aplicativos, como o Zoom, enquanto o “delivery” tem sido a opção da maioria da equipe que permaneceu trabalhando nos escritórios, uma vez que restaurantes estão na lista de serviços que foram suspensos pela quarentena.
Ele disse que a maior parte dos funcionários que responde pelas áreas de suporte e que têm pouco ou nenhum contato com cliente, conhecida como “back office”, está trabalhando de casa, mas a equipe de “front office”, que trabalha com clientes, tem parte trabalhando em casa e parte nos escritórios no Rio de Janeiro e São Paulo.
“Não está fácil o gerenciamento do dia a dia, principalmente com tantas variáveis com pouca visibilidade”, admitiu, ressaltando, contudo que estão conseguindo atender a base de clientes. “Essa é a boa notícia.”
Emocional
Ferreira chamou a atenção também para o efeito emocional dos profissionais no momento. “O problema não é comunicação, tecnologia, é a cabeça… Todos trabalham super bem, mas o (componente) emocional está muito forte”, afirmou. “Há uma combinação de preocupação com a saúde com um efeito econômico devastador, isso gerou um pânico tremendo”, acrescentou.
“Há uma combinação de preocupação com a saúde com um efeito econômico devastador, isso gerou um pânico tremendo”, acrescentou Ferreira (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Ele citou, contudo, que depois de quase duas semanas desde que a quarentena foi decretada no Estado de São Paulo, “o pessoal começou a entender melhor a realidade, e a situação está mais calma”.
O “circuit breaker”, mecanismo que suspende as negociações na bolsa quando o Ibovespa registra quedas a partir de 10%, foi acionado seis vezes apenas em março e o dólar renovou máximas históricas nominais em relação ao real, com forte volatilidade.
Na visão Pracownik, as mudanças de comportamento que estão se estabelecendo agora tendem a deixar um legado muito importante para a etapa pós-epidemia. “As pessoas estão se acostumando a trabalhar de uma nova forma e entendendo que o trabalho remoto além de conveniente pode ser muito eficiente.”
Maffra, da XP Inc, concorda. “Após essa crise, não tenho dúvidas de que essa questão do home office será muito praticada. É uma mudança que trará benefícios para todas as empresas no pós-crise.”
A avaliação nas corretoras, contudo, é de que é muito cedo para decisões sobre qualquer mudança nas estruturas de trabalho, em espaços físicos, mesmo com a percepção de que pode significar economias em custos com alugueis de escritórios, principalmente com o horizonte de retração econômica no país em 2023.
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