Imunidade e rapidez da vacina estão entre as incógnitas da pandemia

Os custos e benefícios das paralisações prolongadas e o que diferentes países podem fazer, do ponto de vista econômico e político, também são fatores (Imagem: REUTERS/Lucas Landau)

Com os casos globais confirmados de 💥️Covid-19 acima de 1 milhão e mais países em confinamento para conter a pandemia, surge a pergunta que não quer calar: “Quando isso vai acabar?”

A resposta depende em grande parte das incertezas em torno do novo coronavírus que causa a doença como, por exemplo, se uma pessoa pode se contagiar mais de uma vez e com que rapidez cientistas podem produzir uma vacina.

Os custos e benefícios das paralisações prolongadas e o que diferentes países podem fazer, do ponto de vista econômico e político, também são fatores.

1. Como acabar com a pandemia?

Existe um consenso de que a pandemia só terminará com o estabelecimento da chamada imunidade de rebanho. Essa situação ocorre quando um número suficiente de pessoas em uma comunidade está protegido contra um patógeno. Existem dois caminhos para esse resultado.

Um é a imunização. Pesquisadores teriam que desenvolver uma vacina que se mostre segura e eficaz contra o coronavírus, e autoridades de saúde precisariam distribui-la um número suficiente de pessoas.

O segundo caminho para a imunidade de rebanho é mais sombrio: também poderia ocorrer depois que grande parte de uma comunidade fosse infectada com um patógeno e desenvolvesse resistência dessa maneira.

2. O que devemos fazer até lá?

Para muitos países, a estratégia é restringir a mobilidade para diminuir drasticamente a propagação, fechar empresas e escolas, proibir reuniões e manter as pessoas em casa.

A ideia é evitar uma enorme explosão de infecções que sature o sistema de saúde, causando um número muito alto de mortes devido à menor disponibilidade de cuidados médicos.

O “achatamento da curva” permite que novos casos ocorram em um período mais longo e concede às autoridades e prestadores de serviços de saúde tempo para se mobilizar: para desenvolver capacidade de testar, rastrear contatos dos que estão infectados e tratar doentes, expandindo leitos hospitalares, incluindo respiradores e unidades de terapia intensiva.

3. Quando as restrições devem ser reduzidas?

A população não deve esperar que a vida volte ao normal rapidamente. O levantamento de restrições muito cedo ameaça o surgimento de um novo pico.

Autoridades da 💥️China começaram a reabrir a cidade de Wuhan, onde a pandemia começou, dois meses depois de ficar isolada do mundo, quando a transmissão praticamente parou. Mas as medidas da China eram mais rigorosas do que em qualquer outro país até agora e pelo menos um condado voltou a ser confinado.

4. E então?

Um roteiro criado por um grupo de especialistas em saúde dos EUA, incluindo Scott Gottlieb, ex-comissário da FDA, agência que regula fármacos e alimentos no país, recomenda um estágio intermediário no qual escolas e empresas reabram, mas aglomerações sejam limitadas.

As pessoas continuariam sendo incentivadas a manter distância umas das outras, e os grupos de alto risco seriam aconselhadas a limitar o tempo fora de casa. Se os casos começarem a aumentar novamente, as restrições seriam mais rígidas.

5. Por que os testes são tão importantes?

Este vírus tem causado muito estrago, não porque é especialmente letal, mas porque é insidioso; muitos que estão infectados estão bem o suficiente para realizar atividades diárias, contaminando involuntariamente outras pessoas.

Por isso é essencial um amplo número de testes entre a população e testar todas as pessoas com sintomas.

6. Por que onde estamos importa?

Países autoritários como a China podem impor controles mais rígidos à mobilidade e meios mais intrusivos de vigilância, como medir a temperatura das pessoas em casa, rastreamento e ordens de quarentenas, e são menos vulneráveis ​​à pressão de empresas e opinião popular.

Isso fornece ferramentas poderosas para manter o vírus sob controle, desde que se mantenham vigilantes contra casos importados. Essa é uma proposta mais difícil para outros países.

Os mais pobres têm mais dificuldade em arcar com perdas econômicas causadas por restrições prolongadas e, muitas vezes, não possuem infraestrutura de saúde para uma vigilância extensiva.

7. Quanto tempo demora uma vacina?

Dezenas de empresas e universidades globais trabalham nisso, mas não há garantia de que vão conseguir. O desenvolvimento de uma vacina normalmente é um processo longo e complexo, que inclui anos de testes para garantir que sejam seguras e eficazes.

Na luta contra o coronavírus, alguns dos envolvidos pretendem entregar uma vacina em 12 a 18 meses, uma meta extraordinariamente ambiciosa.

Alguns especialistas em vacinas acreditam que governos, cidadãos e investidores devem moderar o otimismo. Não está claro se os métodos funcionarão, se os prazos serão cumpridos ou se as empresas poderão fabricar vacinas suficientes.

8. E o segundo caminho para a imunidade de rebanho?

Primeiro, isso ocorreria apenas se a recuperação de uma infecção deixasse as pessoas com imunidade duradoura. Ainda não se sabe se é esse o caso do novo coronavírus.

A parcela de uma população que precisaria ser exposta ao vírus para estabelecer a imunidade de rebanho também é desconhecida.

Geralmente, é uma parcela alta, por exemplo, de 75% para a difteria e 91% para o sarampo. Patrick Vallance, assessor científico-chefe do governo do 💥️Reino Unido, estimou a proporção em 60% em fevereiro.

Quanto tempo levaria para atingir o limiar necessário dependeria das medidas impostas pelos governos em resposta à pandemia.

9. Existem outras variáveis?

Poderíamos ter sorte e o vírus poderia desaparecer com o início do verão no hemisfério norte, onde se concentra a maioria dos casos, assim como os surtos de influenza diminuem com as mudanças sazonais.

Mas não se sabe se o clima mais quente terá alguma influência. Mesmo que o surto diminua, poderia retornar no outono. Alguns depositam as esperanças em uma terapia extremamente eficaz ou na cura.

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