Novo coronavírus leva Equador a colapso sanitário
O presidente do Equador, Lenín Moreno, anunciou medidas para superar a crise (Imagem: Wikimedia Commons)
No 💥️Equador, o aumento do número de infectados e mortos pelo novo coronavírus levou o sistema de 💥️saúde e o serviço funerário ao colapso.
Uma força tarefa criada pelo governo do país há 3 semanas já recolheu mais de 700 corpos em casas e nas ruas da cidade de Guayaquil, epicentro da pandemia no país.
O presidente do Equador, Lenín Moreno, anunciou medidas para superar a crise.
“Recolhemos, com a força-tarefa em residências, mais 700 pessoas falecidas”, afirmou neste domingo (12) o chefe da força-tarefa que inclui policiais e militares, Jorge Wated.
O governo equatoriano assumiu também a tarefa de enterrar os corpos, já que as funerárias não estavam conseguindo atender a grande demanda. Wated afirmou que 600 mortos, todos identificados, já foram sepultados.
O Equador registrou o primeiro caso de covid -19 no dia 29 de fevereiro. Desde o dia 21 de março, o país vive toque de recolher. Atualmente, as pessoas podem sair às ruas apenas entre 5h da manhã e 14h.
O país, que tem 17 milhões de habitantes, registra até o momento cerca de 7.500 casos confirmados de covid-19, 500 pessoas recuperadas e com alta médica e 333 falecidos com a confirmação da doença. No entanto, há ainda outros 338 casos de pessoas consideradas “falecidas provavelmente de covid-19”.
A prefeita de Guayaquil,Cynthia Viteri, em uma entrevista à TV CNN afirmou que não são cerca de 300 os mortos por coronavírus no país, e sim 600.
“Não se consegue fazer os testes antes, (os doentes) morrem sem fazer os testes, e não há espaço para fazer as autópsias e os reconhecimentos dos corpos. Então, simplesmente colocam nos atestados de óbito que essas pessoas morreram por alguma doença respiratória”, afirma Viteri.
A cidade de Guayaquil é a mais fortemente atingida, com cerca de 70% de todos os casos de contaminação (cerca de 4 mil) e mortes do país.
Famílias
Em comunicado oficial divulgado no último sábado (11), a Força Tarefa Conjunta para a Emergência Sanitária Covid-19 divulgou um documento que visa ajudar as famílias a encontrar os corpos de seus parentes.
As pessoas podem procurar pelos nomes de seus entes em uma página na internet. O documento diz ainda que “se os dados da pessoa não constam nesse registro, isso se deve ao fato de o falecido repousar em um necrotério aguardando ser sepultado nos próximos dias”.
Em Guayaquil, veículos de comunicação mostram a batalha de dezenas, talvez centenas, de equatorianos que buscam há dias localizar os corpos de seus parentes para poder enterrá-los.
As pessoas que faleceram no sistema público de saúde, de acordo com o anúncio, são levadas ao cemitério Parque de La Paz La Aurora, e as pessoas falecidas em casa ou em hospitais particulares são levadas ao cemitério Campo Eterno Pacuales.
No comunicado da força tarefa, o governo reconhece que houve 1.878 mortes nos últimos dias, sendo 631 em hospitais, 771 em residências e ainda 476 casos de emissões de atestados de óbitos para enterros particulares.
Já os cidadãos que ganham mais de 500 dólares por mês farão uma contribuição progressiva por nove meses, proporcional a seus rendimentos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
O próprio presidente, Lenín Moreno, reconhece que há subnotificação, tanto de casos confirmados como de mortes pelo coronavírus, uma vez que o país não tem a capacidade de testar amplamente a população.
O aumento rápido no número de infectados acabou por colapsar a rede de assistência médica do país, fazendo com que pessoas com outras doenças acabassem por falecer por não receber atendimento adequado nos hospitais.
Medidas
Entre as medidas anunciadas nos últimos dias por Lenín Moreno estão o corte de 50% nos salários dele, do vice-presidente, de ministros e vice-ministros, funcionários do gabinete da presidência e de outros funcionários públicos.
Além disso, o governo anunciou a criação de uma conta nacional de assistência humanitária que será financiada por duas fontes: empresas privadas e cidadãos que recebem salários superiores a 500 dólares mensais. A conta será gerida por representantes da sociedade civil e focada em ajudar pequenas empresas e pequenos produtores, evitar demissões e ajudar famílias de baixa renda.
As grandes empresas, aquelas que faturaram mais de um milhão de dólares no último ano, contribuirão com 5% desse lucro em três pagamentos mensais.
Já os cidadãos que ganham mais de 500 dólares por mês farão uma contribuição progressiva por nove meses, proporcional a seus rendimentos. Ou seja, quem ganha mais, contribuirá com valores mais altos.
Moreno explicou que um cidadão que recebe 500 dólares por mês, por exemplo, aportará dois dólares à conta nacional. Um cidadão que recebe 50 mil dólares por mês aportará 4.400 dólares.
O ministro da Economia, Richard Martínez, afirmou que o governo deve arrecadar entre 650 e 800 milhões de dólares com a contribuição de pessoas físicas.
As contribuições dos cidadãos serão utilizadas em um bônus de Proteção à Família, uma ajuda temporária de US$ 60 por mês, em abril e maio. “Com essa contribuição, poderemos proteger quase dois milhões de famílias pobres no Equador”, disse Moreno.
“A pandemia nos atingiu em um momento crítico, quando estávamos tentando seguir em frente, depois de uma crise econômica muito difícil, muito difícil. Uma crise econômica causada por dívidas irresponsáveis e pelos roubos daqueles que acabaram de ser condenados. Ela nos atingiu sem um centavo nas contas do Estado e com uma dívida histórica de US$ 65 bilhões”, disse Moreno em um pronunciamento na última sexta-feira (10).
O governo propôs ainda que ninguém possa ser despejado por atrasar o aluguel durante a pandemia e nos 60 dias subsequentes.
Outra proposta é a que “o acordo entre as partes é a norma”, isto é, empregados e empregadores devem ajustar horas de trabalho, novos salários, extensão de prazos de pagamento, etc. O objetivo é evitar demissões.
A Previdência Social estenderá a 120 dias a cobertura para aqueles que ficarem desempregados. E o pagamento do seguro-desemprego será feito em 7 dias e não mais em 60 dias.
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