Vida após respiradores pode ser dura para recuperados de vírus
A maioria não sobreviverá: estudos indicam que quase 70% deles morrem enquanto usam respiradores. (Imagem: YouTube/ AmboVent)
A febre chegou a cerca de 40ºC.
Em seu delírio, Diana Aguilar tinha certeza de que os estranhos que pairavam sobre ela, com máscaras e batas, eram anjos que se transformariam em ameaçadores alienígenas.
Enquanto uma médica se preparava para deslizar um tubo de respirador por sua garganta, tudo o que se lembra de ter pensado era: “Não consigo respirar. Estou sem ar. Desisto, desisto”.
Diana, na luta contra o 💥️Covid-19, iniciava sua descida de 10 dias para o limbo do respirador. O dispositivo mecânico ao qual o tubo foi conectado é cobiçado pela capacidade de empurrar oxigênio que salva vidas profundamente para dentro dos pulmões danificados.
No entanto, também é temido e criticado pelos danos que causa e pelas pequenas chances de sobrevivência que proporciona. Diana não estava ciente disso, mas sentiu que poderia ser o fim. Ela sussurrou um adeus ao marido, filho e filha, nenhum dos quais estava por perto, e então orou a Deus em espanhol, sua língua materna.
“Você vai ficar bem”, uma voz a tranquilizava. “Comece a contar agora; um dois…”
A voz era de um anestesista, a último que ouviu antes de adormecer.
Diana foi diagnosticada com Covid-19 em 18 de março, dia em que chegou ao pronto-socorro do Hospital Universitário Robert Wood Johnson, Somerset, em Somerville, Nova Jersey. O vírus já atacava seu corpo há semanas, infectando as pequenas células dos pulmões que fornecem oxigênio ao sangue.
Diana tinha dificuldades para respirar, e cada centímetro de seu corpo doía. E então veio a intubação, uma intervenção de último recurso para salvar sua vida. É um momento terrível para os estimados milhares de pacientes submetidos ao procedimento.
A maioria não sobreviverá: estudos indicam que quase 70% deles morrem enquanto usam respiradores.
Com o aumento dos casos de Covid-19, que já se aproximam de 900 mil nos Estados Unidos, mais e mais pacientes são submetidos ao temido tratamento.
Os que conseguem sobreviver enfrentam uma longa e difícil jornada de volta à saúde. Só agora médicos estão aprendendo sobre os desafios futuros de pessoas que chegam ao hospital tão ofegantes e com pouco oxigênio que um respirador, muitos acreditam, é tudo o que existe entre eles e a morte.
“A respiração mecânica é uma intervenção que salva vidas”, diz Hassan Khouli, presidente de terapia intensiva da Cleveland Clinic, em Ohio.
No entanto, mesmo quando os pacientes sobrevivem, “alguns deles continuarão profundamente fracos”, diz. “Pode chegar ao ponto em que não podem realizar atividades diárias: se barbear, tomar banho, preparar uma refeição, a ponto de estarem acamados.”
Algumas pessoas nunca se recuperam completamente, diz Michael Rodricks, diretor médico da unidade de terapia intensiva de Somerset. E, aqueles que conseguem, frequentemente precisam reaprender habilidades básicas, como caminhar, conversar e engolir.
Quando Diana, de 55 anos, acordou na unidade de terapia intensiva no fim de março, encontrou os pulsos amarrados à cama. A razão, lhe contaram depois, era para impedi-la de arrancar o tubo que descia da garganta até os pulmões.
O tubo foi conectado a um respirador mecânico que respirou por ela por 10 dias, enquanto estava em coma induzido.
Uma enfermeira lentamente tirou a fita de seu rosto e, com um movimento do pulso, retirou o tubo. Diana havia superado a fase mais angustiante do Covid-19.
Enfermeiras e médicos esperavam no corredor do lado de fora de seu quarto no centro médico regional de 361 leitos, localizado entre Trenton, Nova Jersey e Nova York. Quando olhou pela janela de vidro, eles começaram a aplaudir e cantar. “Diana! Você conseguiu!”, lembra de ter escutado.
“Eles pulavam e batiam palmas, e todo mundo estava muito feliz”, diz. “Eu não sabia que tinha todas essas pessoas esperando por mim, esperando para ver como eu reagiria.”
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