Único risco para a inflação é a deterioração fiscal, diz Vescovi
O Banco Central reconhece o aumento dos riscos fiscais e sinalizou na ata do Copom um limite para a queda dos juros (Imagem: Pixabay/stevepb)
A deterioração aguda das contas públicas é o único risco relevante para o controle da inflação, dado que o 💥️dólar não tem afetado os preços em meio à retração da economia na crise do 💥️coronavírus, diz Ana Paula Vescovi, economista-chefe do 💥️Banco Santander💥️.
“O único risco concreto de virmos a ter inflação é a dominância fiscal”, afirma em entrevista a ex-secretária do Tesouro Nacional. Caso o país venha a perder sua âncora fiscal, que não é o cenário base do Santander, o câmbio avançaria ainda mais e a piora do risco país levaria à saída de investimentos do Brasil.
Ainda que as despesas durante a crise sejam temporárias, a dívida pública deve saltar para perto de 100% do PIB, prevê Vescovi. Isso demandará maior esforço fiscal e político para a aprovação de reformas e cortes de gastos após a crise.
O Banco Central reconhece o aumento dos riscos fiscais e sinalizou na ata do Copom um limite para a queda dos juros, depois de ter cortado a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 3%.
Para Vescovi, a posição do Brasil é diferente das economias mais avançadas e exige maior cautela. “Países emergentes têm uma situação diferente. Quando ocorrem crises, há uma fuga de capitais para economias que têm instituições mais desenvolvidas.”
A pressão na curva longa de juros vista recentemente já reflete a ampliação dos riscos fiscais, o que reduz o efeito da queda da Selic na atividade.
Compras de títulos pelo BC
O 💥️Banco Central passou a ter mais poder de fogo para combater a crise com a aprovação da PEC do chamado orçamento de guerra, que permitiu a compra de títulos no mercado secundário.
Vescovi acredita que o BC, caso venha a usar o novo instrumento, o faça mais para amenizar eventuais distorções de mercado, da mesma forma que faz com as intervenções no câmbio.
“Nesse momento temos mais perguntas do que respostas”, disse a economista, que aguarda a regulamentação da medida.
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