Dólar a R$ 6 frusta quem não travou insumos e ainda apanha com preços baixos
Cana é cultura semi-perene que necessita de gastos com insumos para as lavouras que serão colhidas após agosto
Com o dólar alcançando os R$ 6,00, as empresas agropecuárias que não fizeram hedge de insumos antes vão ter mais problemas além do que, alguns setores, já estão tendo com a comercialização de suas safras. A sucroenergia é um deles entre os mais prejudicados, especialmente porque há muita safra pela frente com cana que ainda vai necessitar de tratos culturais.
Os preços do etanol estão em queda vertiginosa (apesar de dois aumentos na gasolina), o açúcar ainda tem uma margem em dólar, mas limitada por custos operacionais altos, por exemplo.
Naturalmente que outras cadeias do agronegócio deverão sentir o mesmo problema com os insumos dolarizados, ainda que tenham um poder de comercialização melhor, como a futura safra de soja (a partir de setembro). E até o café, como cultura perene.
A cereja do bolo é a dívida em dólar das tomadoras em moeda estrangeira, complementa José Carlos de Lima Jr, do escritório de análise e consultoria Markestrat.
“Infelizmente, muitas empresas não acreditaram nessa disparada e deixaram de travar, e poucas têm insumos disponíveis a preços antigos”, afirma o economista.
No início de fevereiro, a empresa de Ribeirão Preto disparou advertência para os produtores rurais ‘hedgearem’ suas compras, temendo por um ano complicado para que o câmbio seguisse em patamares mais tímidos.
A pandemia ainda mal era epidemia, só na China, e as disrupturas políticas do governo Jair Bolsonaro e as geopolíticas de Donald Trump, se estavam na conta, agora chegaram nos níveis mais agudos de aversão ao risco.
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