Sidnei Nehme: reações internas ao ambiente externo são emocionais e não racionais efetivas!
Colunista avalia a alta da Bolsa e queda do dólar no dia anterior (Imagem: REUTERS/Thomas White)
💥️Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO Associados Corretora de Câmbio
Em termos efetivos o que há de positivo no 💥️Brasil, no momento, é o desempenho das exportações do 💥️agronegócio e outros alimentares, e, também os minérios e seus efeitos na cadeia de atividades no seu em torno, no mais, não é possível identificar focos otimistas ou meramente tranquilizadores, havendo um ambiente absolutamente conturbado nas diretrizes de enfrentamento da grave crise do 💥️coronavírus, que efetivamente não se sabe em que estágio está atualmente no país, e um ambiente muito hostil na área política, que torna predominante a dicotomia entre a saúde e a economia.
O mundo ontem “se viu melhor” com a ocorrência de alguns levantamentos de bloqueios em economias importantes e, naturalmente, repercutiu este fato nos segmentos econômicos que vinham sendo fortemente deprimidos.
Então, a moeda americana perdeu força ante as moedas emergentes e não emergentes havendo uma melhora de humor e proporcionando um discreto alívio no tenebroso ambiente prevalecente, não sem deixassem de haver temores quanto à recidiva da crise, o que levou a China a recomendar as suas empresas aumento substantivo de estoques de alimentos, fato especialmente positivo para incrementar ainda mais o setor da economia brasileira que tem se destacado.
Outros mercados sensíveis às mudanças como o 💥️petróleo sinalizaram recuperação de preços, fortemente debilitados ao longo da crise, e os produtores, espertamente, já anunciaram que podem reduzir a prospecção e oferta ao mercado global.
O que se viu é a reação forte da Bovespa, mas, como salientamos mais emocional do que racional, superando em intensidade a grande maioria das bolsas de economias mais articuladas e cujos países têm perspectivas e motivos de retomada mais breve do que o Brasil.
As agências de rating’s, Fitch e Moody’s, vem nos observando e identificam riscos em perspectiva, afinal a crise fiscal brasileira é dantesca e tende a maior agravamento com a crise da coronavírus.
As perspectivas em torno do Brasil são absolutamente crescentes negativas, e alguns fatores anteriormente perseguidos podem se tornar preocupantes como a queda incisiva da inflação e do juro que poderá exigir da política monetária práticas nunca vistas no país.
Há em perspectiva para o mercado financeiro todo um “modus operandi” na formulação de seus produtos diferente, e a crise atual pode sim demonstrar que há riscos nas instituições menores, que poderão ter que recorrer a “socorro” do Banco Central do Brasil e/ou de outras instituições maiores, visto que a seletividade criará problemas para captação e a qualidade do crédito que concedem é direcionada para grupos de maiores riscos.
O “dólar alto” vem sinalizando que “estragos” nos balanços de grandes empresas, embora o 💥️Brasil disponha de sofisticado mercado de “hedge”.
Mas este hiato no preço da moeda americana, que respondeu mais a influência externa do que a relativa mudança do BC que passou a focar atenuar o ímpeto do preço da mesma e não somente ter perfil profilático provendo liquidez, que, contudo, tem sido pontual para demonstrar que a autoridade monetária tem preocupações com o preço rondando os R$ 6,00.
E é imperativo que o BC tenha dado este sinal, tendo em vista que a ocorrência do “rompimento” do teto de R$ 6,00 teria forte potencial de motivação para que o “hedge” se acentuasse não somente em relação aos compromissos comerciais e financeiros em “ser”, mas passassem a agregar as contas de capital, face às incertezas crescentes em torno da recuperação econômica.
Em realidade, quando se observam as ações da Bovespa é possível se identificar oportunidades de preços de ações que estão, dolarizadas, “baratas”, mas o país por inúmeras causas, algumas colocadas como incógnitas por organismos renomados internacionalmente, perdeu credibilidade, atratividade e para muitos analistas internacionais é atualmente o “patinho feio”.
Então, as perspectivas de fluxos financeiros de investidores estrangeiros estão extremamente fragilizadas, mas com a economia “capenga” forte nas exportações agrícolas e fragilizadas as importações, a balança comercial deve continuar, ainda que modestamente, promovendo fluxo cambial discretamente positivo, e, melhorando o desempenho da balança comercial.
Mas nada que possa impactar na formação do preço da moeda americana no nosso mercado, nos parecendo que a projeção de R$ 5,28 do FOCUS está em linha para a realidade, que, acreditamos, possa ser elevada para R$ 5,50 ao final do ano.
O dólar alto ao que tudo indica veio para ficar e isto deve promover uma drástica mudança dos preços relativos dos ativos no mercado brasileiro, que ficarão baratos, mas ainda assim com baixa atratividade.
Inegavelmente, o Brasil tem um mercado interno pujante, mas a crise causou efeitos extremamente danosos na capacidade de consumo, até porque o nível de poupança da população é muito baixo.
É importante e extremamente relevante que se considere o conteúdo emocional destes movimentos na Bovespa e na formação do preço do dólar, pois a nível Brasil tem baixa sustentabilidade e estão se ancorando puramente no “contágio” externo de otimismo, do qual neste momento não fazemos parte, a areia por aqui ainda é predominante “movediça”.
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