Dólar desafia setor de agroquímico do Brasil, que vê aplicações 5% maiores no ano
Empresas elevaram os financiamentos de compras de defensivos agrícolas pelos agricultores brasileiros em mais de 30% em 2023 (Imagem: Divulgação/Brasil Agro)
A 💥️área agrícola tratada com agroquímicos no 💥️Brasil cresceu 7,3% no primeiro trimestre, em meio a uma colheita recorde de 💥️soja, mas o 💥️dólar forte que estimula negócios de agricultores também desafia a indústria de pesticidas, disse à 💥️Reuters um dirigente de associação do setor, um dos principais financiadores de safras no país.
As empresas do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) elevaram os financiamentos de compras de defensivos agrícolas pelos agricultores brasileiros em mais de 30% em 2023, para cerca de 21 bilhões de reais, segundo pesquisa encomendada pela entidade.
Já o prazo médio de pagamento aumentou para 240 dias, ante 225 no ano anterior, indicadores esses que devem seguir crescendo 💥️em 2023 em meio à disparada da moeda norte-americana frente ao real de mais de 35% no acumulado do ano e à crise do coronavírus, que atinge mais algumas culturas do que outras.
“O valor absoluto do financiamento em dólar deve crescer 5% em relação aos 4 bilhões de dólares de 2023, mas acho que teremos problemas, teremos de alongar o prazo, isso vai gerar uma demanda de capital maior para as indústrias”, afirmou o presidente do Sindiveg, Julio Borges Garcia, em entrevista por vídeo.
“O prazo médio infelizmente vai subir, estou um pouco preocupado com culturas que demandam mais prazo”, acrescentou ele. Essa conjuntura também faz com que a indústria de defensivos brasileira procure mais financiamentos no exterior para financiar a cadeia produtiva.
Ainda assim, o setor que registrou negócios com agricultores avaliados em 13,7 bilhões de dólares em 2023 seguirá parceiro da agricultura brasileira, que tem nos produtores de soja, 💥️milho, 💥️algodão, 💥️cana e 💥️café os principais clientes.
O valor absoluto do financiamento em dólar deve crescer 5% em relação aos 4 bilhões de dólares de 2023, mas acho que teremos problemas, explica o presidente do Sindiveg (Imagem: Reuters/Roberto Samora)
“Muitos outros setores abandonaram os clientes… para nós é uma questão de sobrevivência, o Brasil é um dos países que o setor mais financia diretamente, e também tem grande inadimplência, é um desafio o mercado brasileiro”, comentou, acrescentando que os crescentes processos de recuperação judicial pelos agricultores também merecem atenção.
No primeiro trimestre, a indústria tratou cerca de 550 milhões de hectares (a área é muito maior do que o total plantado no Brasil por ser tratada várias vezes), ante 512,7 milhões de hectares, com a soja respondendo por 40% do total tratado, seguida pelo milho (34%), algodão (14%), cana (4%) e café (2%), segundo levantamento exclusivo do Sindiveg, encomendado à consultoria Spark.
Para 2023, o Sindiveg projeta aumento de 3% a 5% da área tratada com defensivos agrícolas, com impulso das lavouras de grãos, que cada vez mais são desafiadas com pragas e doenças resistentes, como o é o caso da ferrugem da soja, além de percevejos e mosca branca. No milho, os desafios estão com a lagarta e sugadores, como cigarrinha, também presente na cana.
Cana e algodão, que vêm sendo mais afetados pelos impactos negativos do coronavírus, na comparação com outro setores, preocupam a indústria de agroquímicos, já que estão entre os grandes clientes.
Garcia pontuou ainda que os agricultores, em geral, ainda não sentiram todos os efeitos da alta do dólar frente ao real, pois a maior parte das vendas no início do ano foi feita na moeda brasileira. Além disso, os preços das commodities agrícolas têm subido mais do que os custos.
As 27 associadas do Sindiveg, distribuídas pelos diversos Estados brasileiros, que representam aproximadamente 40% do mercado de defensivos, geraram 5 mil empregos diretos em 2023, respondendo por investimentos de 354 milhões de reais e recolhimento de mais de meio bilhão de reais em impostos e taxas.
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