Mais “Guerra Fria” entre EUA-China tira potencial das commodities na reabertura dos mercados terça

Soja

Soja é a principal commoditie no centro das atenções da disputa internacional entre as duas maiores potências comerciais (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O feriado nacional dos Estados Unidos nesta segunda (25) vai deixar os mercados de commodities agrícolas, como os demais, respirarem ante os mais novos contenciosos com a China. Mas o monitor de baixas para a terça está no radar com a potencial reedição de “Guerra Fria”, como já vem sendo chamada.

Neste domingo, o conselheiro de Segurança Nacional, Robert O’Brien, advertiu Pequim que Washington pode retaliar caso seja aprovada uma nova lei de segurança nacional para Hong Kong – palco de novas manifestações de rua neste final de semana. O anúncio da China de que tomaria medidas duras contra “atos subversivos” já tirou o fôlego de alguns mercados desde o meio da semana passada.

Em paralelo, os Estados Unidos proibiram empresas de negociarem com 30 instituições chinesas acusadas de conivência em violações dos direitos humanos na província de Xinjiang. Embora de peso mais simbólico, também é um adicional na geopolítica a irritar os chineses.

Entre as commodities, a soja é a mais central nessa disputa que não acaba nunca e já vinha sem exprimir todo seu potencial de alta desde quando as acusações americanas aumentaram sobre a deflagração do novo coronavírus.

Para Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o bushel poderia estar nos US$ 9,50 não fosse essa soma de cenários, contra a média flutuante atual de US$ 8,30 a US$ 8,40. Os novos fatos, segundo o analista, acrescentam possibilidades de renovação das quedas da sexta quando Chicago reabrir amanhã, “mas não tem muito fôlego porque a demanda vai continuar forte”.

Na semana passada, apesar de todo o quiprocó, relatório do governo dos Estados Unidos mostrou compras chinesas de soja em torno de 1 milhão de toneladas, somando cerca de 10 milhões/t no acumulado. E a China teria necessidade de outras 15 milhões/t.

Na AgRural, Adriano Gomes igualmente olha a geopolítica limitando a aceleração dessa demanda chinesa e represando os futuros na CBOT. Mas acrescenta ainda a desvalorização do real segurando as cotações como variável a influenciar uma deslanchada adicional.

Outros mercados

O milho ainda está preso à menor demanda pelo etanol (adicionado à gasolina) nos Estados Unidos, apesar de notícias mais otimistas quanto à reabertura controlada da economia americana. Esses dois pesos deixaram as cotações mistas na semana passada, somada à grande produção americana aguardada.

Mas as últimas notícias negativas entre as duas potências “são mais umas a estressarem os mercados”, monitora Roberto Carlos Rafael, CEO da Germinar Corretora.

Pode ser o caso do açúcar também, que não sustentou o rompimento dos 11 centavos de dólar por libra-peso e voltou para baixo dessa linha. Como os demais analistas, Maurício Muruci, da Safras & Mercados, reconhece fatores exponenciais para perdas se os desdobramentos amanhã realimentarem perigos às economias já muito fragilizadas.

Mas, por enquanto, o analista entende que a retórica sino-americana já está no preço. E observa, por exemplo, a chegada da temporada de furacões ao Golfo do México, com potencial de prejudicar a atividade petrolífera na semana que vem, a depender da intensidade, influenciando em suporte de alta para o açúcar na esteira do petróleo.

As incertezas rondam também o café. “Tudo pode acontecer amanhã, a depender ainda dos mercados futuros (acionários, por exemplo) em operação nesta segunda e o Forex (mercado de câmbio, aberto na Europa), avalia Marcus Magalhães, da Marus Corretora.

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