Crédito no Brasil fica estável em abril com alta entre empresas e queda para famílias
Segundo os dados do BC, o saldo de financiamentos às pessoas físicas caiu 0,9% sobre o mês anterior (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)
O estoque total de crédito no Brasil ficou estável em abril sobre março, a 3,587 trilhões de reais, o equivalente a 49,2% do 💥️Produto Interno Bruto (PIB), divulgou o 💥️Banco Central nesta quinta-feira, com a retração entre as famílias ofuscando a alta observada entre as empresas.
Segundo os dados do BC, o saldo de financiamentos às pessoas físicas caiu 0,9% sobre o mês anterior, enquanto entre as pessoas jurídicas houve aumento de 1,2%.
Refletindo o esfriamento da economia por conta da pandemia de 💥️Covid-19, o estoque de crédito para as famílias na modalidade cartão de crédito à vista caiu 13,9% em abril ante março. Também caíram os estoques no cheque especial (-3,8%) e aquisição de veículos (-1,5%).
Já entre as empresas, o destaque no crédito livre em abril ficou com a alta observada em capital de giro (+8,8%), em financiamentos a exportações (+6,3%) e em adiantamentos sobre contratos de câmbio (+4,2%).
Nos quatro primeiros meses do ano, a alta geral do crédito no país foi de 3,1% e, em 12 meses, de 9,6%.
Em março, o BC previu um aumento no crédito no Brasil de 4,8% em 2020, mas num cenário que considerava um crescimento zero para a economia.
A próxima revisão de PIB pelo BC será feita em junho, mas as indicações são de que a estimativa irá para o terreno negativo diante dos profundos impactos da crise do coronavírus na demanda por bens e serviços.
A conta do Ministério da Economia é, por ora, de uma contração de 4,7% para a atividade econômica neste ano.
Em relação ao custo dos financiamentos, a taxa média de juros no segmento de recursos livres, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, caiu a 31,3% ao ano em abril frente a 33,3% em março.
Já o spread bancário no mesmo segmento recuou a 26,2 pontos percentuais, ante 27,6 pontos no mês anterior.
Inadimplência em alta
A inadimplência, que mede o saldo das operações de crédito com atraso acima de 90 dias, subiu a 4,0%, ante 3,8% em março e no maior patamar desde julho do ano passado (4,0%).
A alta foi mais expressiva para as pessoas físicas, em que passou de 5,2% para 5,4%, maior nível desde novembro de 2017 (5,4%), no terceiro mês consecutivo de alta. Para as empresas, a inadimplência passou a 2,4%, sobre 2,3% em março.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que o aumento do indicador é diretamente relacionada ao ciclo atual de recessão, e previu novas altas à frente. “A gente provavelmente vai ver um aumento da inadimplência nos próximos meses”, afirmou em entrevista virtual de imprensa.
Ele acrescentou que o sistema financeiro está bem capitalizado e que os bancos têm elevado suas provisões e portanto atravessarão a crise “com sua estabilidade preservada”.
Empresas, especialmente de pequeno porte, têm reclamado ao governo que há demora e aversão dos bancos à liberação de crédito para manutenção dos seus negócios em meio à pandemia.
O governo já sancionou lei que criou o Pronampe, programa de garantia do Tesouro para crédito às micro e pequenas empresas, mas a iniciativa ainda precisa ser regulamentada para efetivamente começar a valer.
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