Se Trump e Xi não atrapalharem, açúcar e etanol darão salto até há pouco desacreditado
Safra de cana no Centro-Sul vai, finalmente, tendo seu mix mais valorizado (Imagem: Pixabay)
Como vem acontecendo com todos os mercados, nada se desprega definitivamente dos cenários que Estados Unidos e China podem jogar no colo do mundo, mas o açúcar e o etanol começam a olhar horizontes próprios que praticamente estavam anulados há algumas semanas ou até mesmo dias. E testam novos saltos para cima.
Enquanto ainda permanece a queda de braço entre Donald Trump e Xi Jinping, sem resvalar para retaliações mútuas (por Hong Kong) que descambem para mais problemas à economia mundial, o petróleo (em US$ 38/barril) vai funcionando à base da liberação das quarentenas pelo mundo. Mais o que parece ser um novo entendimento entre a Opep e a Rússia sobre a prorrogação dos cortes de produção por mais dois meses.
E vão fazendo os fundamentos de balanço da oferta e demanda da sucroenergia ressurgirem e precificarem os ativos no positivo.
Vale dizer, segundo a percepção da Safras & Mercado, que o açúcar caminha para recuperar seu potencial e aponta para 12 a 12.50 centavos de dólar por libra-peso em 30 a 40 dias, em Nova York (ICE Futures). O etanol já embica para os R$ 2,00 o litro nas usinas, no mesmo período.
O jeito, portanto, é aproveitar.
E refletindo o analista da empresa, Maurício Muruci, pode-se começar pelo Brasil. A gasolina parou de cair nos postos após o 3º aumento dado pela Petrobras (PETR3; PETR4), o consumo de combustíveis cresceu com relaxo total do isolamento e o etanol melhorou seu posicionamento de vendas. Ainda que esteja vindo de preços mais elevados também – pelo Cepea/Esalq, de R$ 1,3270 na última semana de abril a R$ 1,5303 na última de maio -, a competitividade se manteve e não anulou a demanda.
Na mão inversa, as expectativas dos traders globais é que o movimento interno brasileiro tire um pouco mais de açúcar de circulação, com uma espécie de efeito bumerangue. Até há dias, as fixações externas de açúcar do Brasil eram fortes pelo ganho do dólar, em paralelo a uma cotação mais próxima dos 10.50 a 10 c/lp pela maior oferta. Nesta segunda, andou mais um pouco e foi aos 11 c/lp, a quase 1% no contrato com vencimento no mês próximo.
Agora, pode estar mudando na carona do petróleo e fazendo voltar o peso de produção menor esperada na Índia e na Tailândia.
E no horizonte do barril do Brent, as notícias elevam o potencial do adoçante e do biocombustível. Além do fator produção mais reduzida pela Opep+, Maurício Muruci acrescenta: “O NOA (serviço meteorológico americano) já alerta para cerca de 10 furações no Golfo do México, alguns com escalas acima de 6, com potencial de paralisar a produção em muitas plataformas”.
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