Valter Outeiro: Powell, Borg e incertezas
“Nós devemos estar preparados a tolerar, ou devo dizer, dar boas-vindas a indicadores muito baixos de desemprego sem se preocupar com a inflação”, disse Powell (Imagem: REUTERS/Yuri Gripas)
Mercados se dividem atualmente entre preocupações de uma segunda onda do coronavírus e otimismo em torno da reabertura econômica.
A adoção de entrevistas coletivas após decisões dos bancos centrais trouxe elementos antes não utilizados nas análises sobre guidances de política monetária.
De uma outra forma, cada palavra importa. Após a decisão largamente esperada de manter-se inerte, 💥️Jerome Powell disse na coletiva:
“Nós devemos estar preparados a tolerar, ou devo dizer, dar boas-vindas a indicadores muito baixos de desemprego sem se preocupar com a inflação”.
Traduzindo: o 💥️Federal Reserve vai manter o juro baixo por muito tempo independente do que aconteça nos mercados.
Para Andrew Hollenhorst, economista-chefe da divisão norte-americana do Citigroup, “Jerome Powell não está nem pensando em elevar juros”.
“Não importa o que aconteça”, declarou em entrevista à Bloomberg, “a última impressão que você quer transmitir é mais incerteza”.
Não adianta torcer
Dentro do artigo “Extensional versus Intuitive Reasoning: The Conjunction Fallacy in Probability Judgment”, Amos Tversky e Daniel Kahneman trazem uma pesquisa para mostrar como nossos julgamentos são carregados de vieses cognitivos.
Em 1980, o tenista sueco Bjorn Borg tinha ganho seu quinto título em Wimbledon e encerrou a temporada como número 1 do ranking mundial da ATP.
Como parte do experimento, os pesquisadores propuseram no jornal da University of Oregon a seguinte pergunta:
“Suponha que Bjorn Borg chegue a final de Wimbledon em 1981. Por favor, coloque em ordem de maior probabilidade os seguintes resultados:
A) Borg vai vencer o jogo.
B) Borg vai perder o primeiro set.
C) Borg vai perder o primeiro set mas vencer o jogo.
D) Borg vai ganhar o primeiro set e vencer o jogo”
A alternativa “B” teria maior probabilidade do que a resposta “C”, por ser mais fácil “perder o primeiro set” do que “perder o primeiro set” e ainda ter que “vencer o jogo”.
No entanto, o otimismo em torno de Borg fez com que a resposta “C” superasse a alternativa “B” para 72% dos respondentes.
Bjorn Borg chegou à final e perdeu o primeiro set em 1981. Mas ficou com o vice-campeonato, perdendo para o norte-americano John McEnroe.
Dias bons e outros nem tanto
Na coluna 💥️Mind the Gap do Money Times, Marink Martins conta a história de como taxistas em Chicago identificam se um trader está em um dia bom ou ruim.
No texto, o especialista em mercados internacionais da Inversa traz pitadas de como Tversky e Kahneman podem ajudar você a conter o excesso de confiança.
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