Situação inédita pode levar Brasil a juro negativo, diz Franco
Na semana passada, o Banco Central cortou a Selic para novo piso histórico de 2,25% e manteve a porta aberta a uma nova redução, ainda que em magnitude menor (Imagem: Agência Brasil/Marcelo Casal Jr)
Os 💥️juros brasileiros atingiram quase 50% quando Gustavo Franco comandava o 💥️Banco Central, no final de 1998, e o país buscava defender a estabilidade econômica frente aos impactos trazidos pelas crises da Ásia e da Rússia.
Agora, mais de 20 anos depois, o economista enxerga até mesmo a possibilidade de que o 💥️Brasil possa embarcar na estratégia de juros negativos para combater a pandemia do 💥️coronavírus.
“Que coisa extraordinária, o país que já foi o campeão mundial de juros já podendo ter juro muito baixo”, diz o ex-presidente do BC e sócio fundador da Rio Bravo Investimentos, em entrevista por telefone.
Na semana passada, o Banco Central cortou a 💥️Selic para novo piso histórico de 2,25% e manteve a porta aberta a uma nova redução, ainda que em magnitude menor.
O alívio monetário visa estimular uma economia que pode ter recessão de 6,5% e inflação abaixo do piso da meta neste ano, resultado de meses de deflação.
“Dá para imaginar se o Brasil não vai experimentar um ambiente de taxas muito baixas ou negativas”, afirma Franco. O fenômeno já ocorre em países desenvolvidos e poderia acontecer no Brasil se o BC não conseguir fazer o crédito chegar às empresas menores.
Neste caso, o BC teria de voltar a ter duas taxas de juros, uma para tomar e outra para emprestar recursos, como outras autoridades monetárias, segundo ele.
Credibilidade do Banco Central
Além do impacto da crise do coronavírus, já com mais de 1 milhão de infectados e 50 mil mortes no país, Gustavo Franco diz que a credibilidade do Banco Central vem sendo decisiva para a gestão do sistema de metas de inflação. Mesmo antes de a doença se instalar no país, o BC já testava níveis recordes de baixa da taxa básica.
Um conhecido defensor de reformas fiscais e privatizações, Franco afirma que nem mesmo a piora das contas públicas causada pelos gastos com a pandemia está impedindo a queda da inflação e dos juros.
Segundo Gustavo Franco, a credibilidade do Banco Central vem sendo decisiva para a gestão do sistema de metas de inflação (Imagem: Reuters/Adriano Machado)
“Havia um pressuposto de que só teríamos juros assim pequenos com a política fiscal substancialmente melhor, mas os juros baixos se devem à credibilidade alcançada pelo BC.”
Ainda assim, ele defende que os gastos para combater a pandemia sejam transitórios, de forma a evitar maior deterioração fiscal.
Para o ex-presidente do BC, o marco do saneamento, preparado com o objetivo de ampliar os investimentos privados no setor, pode ter a aprovação facilitada pela ameaça do coronavírus — a votação está prevista para esta semana no Senado . “A pandemia mostrou como é importante a população ter rede de esgoto e água.”
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