Plano de privatização da Eletrobras deve testar aliança entre Bolsonaro e centrão

Eletrobras

O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende acelerar as discussões sobre a Eletrobras (Imagem: Facebook/Eletrobras)

Planos do governo de retomar conversas sobre a privatização da 💥️Eletrobras (💥️ELET3) e ter aval do Congresso para o negócio ainda em 2023 são vistos como desafiadores por analistas, que avaliam a operação como um importante teste da relação entre o presidente 💥️Jair Bolsonaro e o 💥️Congresso.

Apesar de interações tumultuosas com o Parlamento desde o início de sua gestão em 2023, Bolsonaro tem amenizado o tom nas últimas semanas, enquanto membros de seu governo começaram a preparar terreno para as negociações políticas sobre a desestatização da maior elétrica da 💥️América Latina.

Mas mesmo a aproximação do presidente com políticos do centrão neste ano e a recente busca por “trégua” com o Legislativo não foram suficientes para convencer especialistas de que a venda do controle da estatal possa ser aprovada com facilidade em um momento em que o país ainda luta para controlar o coronavírus e se prepara para eleições municipais no final do ano.

“O cronograma é extremamente complexo, porque você tem a pandemia, tem as eleições e as eleições para presidência da Câmara. É um cronograma apertado que faz com que um debate dessa magnitude seja mais complicado”, disse à Reuters o diretor da Arko Advice, Thiago de Aragão.

Ele destacou ainda que o andamento dos esforços também corre riscos devido às inúmeras crises “autogeradas” pelo governo Bolsonaro, como as que envolvem manifestações de aliados do presidente que constantemente atacam os presidentes da Câmara, 💥️Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, 💥️Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre

Aliados do presidente que constantemente atacam os presidentes da Câmara e do Senado (Imagem: Flickr/Agência Senado/ Leopoldo Silva)

Também estão no radar investigações de autoridades sobre o envolvimento de grupos de apoio ao presidente em esquemas de difamação e disseminação de notícias falsas e sobre um esquema de “rachadinha” no gabinete do senador 💥️Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, que levaram à prisão de seu ex-assessor Fabrício Queiroz neste mês.

“A gente nunca pode descartar, mas a possibilidade de o projeto ser aprovado em uma das Casas neste ano ou de avançar substancialmente depende de fatores que o governo ainda não tem. Depende de pelo menos algumas semanas ou um mês de tranquilidade política, de um ambiente de aliança”, acrescentou Aragão.

Além disso, o relacionamento agora melhor entre Bolsonaro e partidos e políticos ajuda, mas não garante nada.

“É preciso ter clareza que os acordos junto às lideranças desses partidos não se dão em troca de agenda… é uma base que dá um mínimo de governabilidade, mas para a votação de qualquer projeto ela tem que sair do zero, não se dá no automático. E isso obviamente envolve a privatização da Eletrobras”, disse João Villaverde, consultor da Medley Global Advisors (MGA) e pesquisador da FGV.

Ele destacou ainda que o Congresso terá importantes discussões que tomarão a frente de qualquer debate sobre a Eletrobras, como o futuro do auxílio-emergencial concedido pelo governo após a pandemia e a votação sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

Senado Congresso Política

O Congresso terá importantes discussões que tomarão a frente de qualquer debate sobre a Eletrobras (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Principal fonte de recursos da educação básica, o 💥️Fundeb foi criado em 2006 e tem validade até o final deste ano.

O secretário de Desestatização do governo, 💥️Salim Mattar, disse na quinta-feira que tem como meta a aprovação no Congresso até setembro ou outubro do projeto de privatização da Eletrobras, que foi enviado à Câmara em novembro passado mas ainda não começou a ser analisado.

Com isso, a operação de desestatização, que aconteceria por meio da uma capitalização da empresa que diluiria a participação do governo, poderia ocorrer no primeiro ou segundo trimestres de 2023, disse Mattar, durante transmissão da Genial Investimentos.

Na semana passada, o jornal O Globo publicou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende acelerar as discussões sobre a Eletrobras, de modo que a privatização possa ser aprovada ainda em 2023. Procurado, o ministério não respondeu a pedidos de comentário.

O Ministério e Minas e Energia também não respondeu a questionamentos sobre a Eletrobras.

Mas o ministro da pasta, 💥️Bento Albuquerque, teve reuniões nesta semana com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e com Guedes, nos quais a elétrica foi um dos tópicos, de acordo com uma fonte próxima das conversas.

Investidor cauteloso

Apesar das movimentações do governo para reviver os planos de desestatizar a Eletrobras, investidores ainda não estão convencidos de que o processo vá deslanchar em 2023, disse à Reuters o analista da Genial Investimentos, Vitor Sousa.

XP Inc Mercados Ações

Investidores ainda não estão convencidos de que o processo vá deslanchar em 2023 (Imagem: XP Inc./LinkedIn/Reprodução)

Ele apontou que os papéis da estatal chegaram a incorporar um otimismo sobre a privatização entre meados de 2023 e o início deste ano, quando foram negociados acima de 40 reais, com máxima histórica nominal de 47,27 reais em setembro, contra cerca de 31 reais atualmente.

“Esse preço não coloca a privatização na mesa… a ação ficou um bom tempo acima de 40 reais antes da Covid e do envolvimento do governo em confusões”, disse Sousa, para quem uma Eletrobras privada poderia ver as ações saltarem para intervalo entre 50 e até 70 reais.

“Temos o Guedes sempre muito favorável, fazendo discursos muito positivos, mas é difícil saber o que disso vai para a frente. Quando ele dá um discurso mais enfático o papel até sobe. Mas é aquela coisa, privatizar a Eletrobras em tempos de paz já seria complicado, em tempos de guerra, então, não fico otimista.”

Na quarta-feira passada, as ações da Eletrobras fecharam com salto de quase 7%, após a matéria de O Globo sobre possível aceleração nos esforços para a privatização.

O governo prevê levantar cerca de 16 bilhões de reais com a desestatização, uma vez que a Eletrobras usará os recursos de sua capitalização para pagar um bônus ao Tesouro pela renovação em melhores condições dos contratos de suas hidrelétricas antigas e linhas de transmissão.

Para os especialistas, essa possibilidade de arrecadação e a necessidade de reequilibrar as contas públicas após os gastos extras gerados pela pandemia poderão funcionar como importante fator de pressão a favor da privatização da Eletrobras em 2023.

O que você está lendo é [Plano de privatização da Eletrobras deve testar aliança entre Bolsonaro e centrão].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...