Pandemia pode comprometer regra de ouro e meta fiscal, destaca consultoria
Para realizar operações de crédito acima do limite constitucional, a União depende de autorização do Congresso Nacional (Imagem: Agência Senado/Jefferson Rudy)
A pandemia de Covid-19 pode comprometer a aplicação da chamada “regra de ouro” das finanças públicas e a meta fiscal em 2023.
A conclusão é de uma nota técnica conjunta das consultorias de Orçamento da💥️ Câmara dos Deputados e do 💥️Senado Federal publicada nesta terça-feira (30) sobre o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023 (PLN 9/20).
A regra de ouro proíbe o governo de fazer dívidas para pagar despesas correntes, como salários, aposentadorias e custeio da máquina pública.
Para realizar operações de crédito acima do limite constitucional, a União depende de autorização do 💥️Congresso Nacional.
O PLN 9/20 projeta essa margem de descumprimento para 2023 em R$ 265,1 bilhões. Mas, de acordo com a nota técnica das consultorias de Orçamento, a estimativa deve sofrer alterações por conta da crise causada pela pandemia.
“A depender de eventual novo reconhecimento de estado de calamidade pública por parte do Congresso Nacional, poderá a aplicação da regra de ouro ser também dispensada no exercício financeiro de 2023”, destaca o documento. “Considerando essa hipótese, recomenda-se que as disposições do projeto da LDO 2023 sejam aperfeiçoadas de modo que as receitas e despesas constantes da LOA [Lei Orçamentária Anual], que, inicialmente, não seriam acolhidas pela regra de ouro passem a ser, então, consideradas plenamente autorizadas.”
💥️Meta fiscal
Outro dispositivo que pode ser afetado pela pandemia é a meta fiscal. O PLN 9/20 traz uma meta de déficit primário de R$ 149,6 bilhões para o governo central.
A nota técnica das consultorias ressaltam, no entanto, que “a elevada incerteza causada pela pandemia pode trazer impactos relevantes na arrecadação e na despesa pública”.
“A imprevisibilidade da extensão da crise e de suas consequências sobre os agregados econômicos de curto prazo levou excepcionalmente à proposição, pela primeira vez desde sua concepção, de meta de resultado primário ajustável ao comportamento das receitas e despesas”, pontua o documento.
“Por essa razão, praticamente deixa de existir a necessidade de esforço fiscal que conduza ao cumprimento da meta de resultado primário, de modo que a âncora fiscal passa a ser exclusivamente o teto de gastos.”
Outro dispositivo que pode ser afetado pela pandemia é a meta fiscal. O PLN 9/20 traz uma meta de déficit primário de R$ 149,6 bilhões para o governo central (Imagem: Agência Senado/ Roque de Sá)
A nota técnica analisa ainda os parâmetros macroeconômicos para 2023. O crescimento do💥️ Produto Interno Bruto (PIB) é estimado em 3,3%; a inflação, pelo IPCA, é projetada em 3,6%; a taxa de juros básica da economia (Selic) média prevista é de 4,4%; e o valor médio do dólar é estimado em R$ 4,30.
Em 2022 e 2023, a estimativa do crescimento do PIB é de 2,5%. Nesses dois anos, o💥️ IPCA se manteria em 3,5%. A taxa Selic média alcançaria 6%, enquanto o câmbio médio é estimado em R$ 4,30.
“Esses números não divergem substancialmente das projeções de mercado captadas pelo Banco Central. Porém, as incertezas para 2023, em função da pandemia da Covid-19, certamente afetarão esses parâmetros”, aponta a nota técnica.
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