Demanda da China por soja deixa Brasil com menor estoque da história, mesmo com safra recorde
A exportação de soja do Brasil em 2023 foi estimada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em 79,5 milhões de toneladas (Imagem: REUTERS/Roberto Samora)
O Brasil colheu uma safra recorde de 125 milhões de toneladas de 💥️soja neste ano, segundo números revisados nesta quarta-feira pela associação da indústria Abiove, mas exportações volumosas com a forte demanda da 💥️China e um processamento interno recorde em 2023 deverão deixar os estoques finais do país nos menores patamares da história.
A exportação de soja do Brasil em 2023 foi estimada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em 79,5 milhões de toneladas, ante 78 milhões na previsão anterior, enquanto a projeção de safra foi elevada em 500 mil toneladas, o que enxugou os estoques.
O volume embarcado ficaria 5,5 milhões de toneladas acima do ano passado, mas ainda não superaria o recorde de 83,26 milhões de toneladas de 2018, quando o país começou o ano com estoques mais volumosos e teve uma safra quase tão grande quanto a atual, segundo dados da associação.
A consultoria StoneX (ex-INTL FCStone), que nesta quarta-feira também aumentou suas estimativas de produção e exportações de soja & para 122,6 milhões e 80 milhões de toneladas, respectivamente& , ressaltou que nunca o Brasil exportou tanto nos primeiros meses do ano, com um câmbio favorável aos embarques.
“Os line-ups de navios já indicam volumes significativos de soja a serem exportados em julho, em 7,7 milhões de toneladas, e ainda podem sofrer variações. Além disso, a comercialização da oleaginosa também está adiantada, superando 90% para a safra 2023/20”, disse Ana Luiza Lodi, analista da StoneX, à Reuters.
Só em junho, segundo dados do governo, a exportação atingiu quase 14 milhões de toneladas.
Considerando as exportações de soja, farelo e óleo de soja, o setor deverá gerar 32,6 bilhões de dólares ao país em 2023, praticamente estável ante 2023.
A oleaginosa é o principal produto de exportação do Brasil, maior produtor e exportador global.
As exportações recorde para a China reduziram os estoques no Brasil (Imagem: China Daily via REUTERS)
Estoques mínimos
Lodi também prevê estoques apertados ao final de 2023 diante da forte demanda, inferiores a 1 milhão de toneladas, assim como a Abiove & mas a consultoria aposta em importações maiores da oleaginosa neste ano, em 500 mil toneladas, enquanto a associação vê 150 mil toneladas.
A Abiove, por sua vez, estimou o estoque final de soja do país em 669 mil toneladas em 2023, ante 1,67 milhão de toneladas na previsão anterior e 3,3 milhões de toneladas ao fim de 2023.
O volume estimado para os estoques, se confirmado, será o menor da história, disse a Abiove por meio da assessoria de imprensa.
Contudo, a associação disse em nota que o país terá produção suficiente para atender as necessidades domésticas e de importadores.
“A safra recorde, em conjunto com os estoques iniciais, garante que haverá oferta suficiente para atender à crescente demanda pelos produtos do complexo soja nos mercados interno e externo”, afirmou.
Além da exportação do grão, também estão aquecidos os embarques de farelo e óleo de soja, cujas estimativas de exportação também foram revisadas para cima, a 16,5 milhões e 1 milhão de toneladas, respectivamente.
Para isso, o processamento de soja deverá atingir um recorde de 44,5 milhões de toneladas em 2023, estável ante a previsão anterior, mas com um aumento de 2,4% na comparação com 2023.
O consumo de farelo de soja no Brasil, por outro lado, cairá 3,2% ante a temporada passada, para 16,7 milhões de toneladas.
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