Dívida corporativa argentina com retorno negativo tem demanda

Argentina

Mas, na Argentina, controles de capital para segurar fluxos de saída de dólares limitam a capacidade dos cidadãos de comprar moeda americana e impedem que empresas estrangeiras repatriem dividendos (Imagem: pixabay)

A 💥️Argentina & com conhecido histórico de inadimplência e mais uma vez mergulhada em tensas negociações para a reestruturação da dívida com credores & pode ser o último lugar onde se espera encontrar títulos com rendimento negativo.

Mas peculiaridades do mercado de capitais argentino transformaram o país em um surpreendente exemplo.

Empresas argentinas💥️ 💥️emitiram um recorde de US$ 596 milhões em títulos atrelados ao dólar no mercado doméstico nos últimos dois meses, e cerca de 30% desses papéis agora pagam rendimentos negativos.

Investidores domésticos têm apostado nesses títulos, dispostos a aceitar perdas em dólar, porque os pagamentos em pesos dos títulos são ajustados para refletir oscilações na taxa de câmbio.

Previsões pessimistas indicam que o peso pode se desvalorizar até 50% em dois anos, gerando retornos para investidores que ofuscam qualquer custo que incorram ao receber rendimentos negativos.

“O mercado local está avaliando a necessidade de um hedge contra a depreciação mais do que o risco de crédito do emissor”, disse Alejandro Haro, responsável por vendas e private banking do Banco Comafi, em Buenos Aires. “Enquanto estiver atrelado ao dólar, terá demanda.”

Na maioria dos países, investidores preocupados com a depreciação de moedas locais podem comprar dólares e títulos do Tesouro que pagam rendimento positivo.

Mas, na Argentina, controles de capital para segurar fluxos de saída de dólares limitam a capacidade dos cidadãos de comprar moeda americana e impedem que empresas estrangeiras repatriem dividendos.

Economizar em pesos é uma estratégia para perder dinheiro diante da previsão de que a inflação ultrapasse 40% neste ano.

Empresas em busca de financiamento a juros baixos aproveitaram a dinâmica. As emissões de títulos atrelados ao dólar subiram em maio e junho com o aumento das expectativas de desvalorização cambial.

A YPF produtora estatal de petróleo, vendeu US$ 93 milhões em títulos de 18 meses com cupom de 0% que agora têm rendimento negativo de 1,9%. Isso poucos dias depois que a rival Pan American Energy emitiu US$ 25 milhões em títulos semelhantes, que oferecem retorno negativo de 2,3%.

Outros US$ 40 milhões em títulos vendidos pela exportadora de limões SA San Miguel no fim de junho estão quase em território negativo, com retorno de 0%.

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