Marink Martins: Os três temas mais quentes do mercado
“Para quem já investiu seus recursos e está devidamente alocado em renda variável, a chegada de novas empresas não é algo positivo”, afirma o colunista (Imagem: Pixabay/ StockSnap)
Na newsletter de hoje, quero falar sobre premissas assumidas por alguns investidores na bolsa de valores.
Em particular, investidores mais novos, que muitas vezes consideram um determinado evento como verdadeiro e, no frigir dos ovos, tende a ser falso.
Estou falando especificamente de três eventos. O primeiro é a percepção do que representa os 💥️IPOs (Initial Public Offerings, sigla em inglês para ofertas públicas iniciais de ações).
Quando vemos um elevado número de empresas chegando na bolsa, normalmente o processo vem acompanhado de, em primeira instância, um mercado que está em alta.
Em segundo, existe toda uma mobilização em volta, não somente da empresa, mas também da mídia e dos diversos bancos de investimento que estão associados ao processo de lançamento destas ações, de forma a fazer com que o investidor (normalmente os mais jovens) se sintam entusiasmados com as novas empresas que estão chegando.
Então, a entrada de novas empresas normalmente é interpretada como algo bem positivo para o mercado. Mas na verdade não é.
É positivo para aquele que está na renda fixa e considera ir para a bolsa. Agora, para quem já investiu seus recursos e está devidamente alocado em renda variável, a chegada de novas empresas não é algo positivo, embora muitos acreditem que sim.
Essa é a primeira premissa que quero desmitificar aqui.
Investindo fora do país no Brasil
Uma segunda premissa, bem parecida com essa dos IPOs, está em curso neste exato instante: o acesso do investidor pessoa física aos 💥️BDRs (Brazilian Depositary Receipts).
Isso é uma notícia nova, uma aprovação da 💥️CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que está em processo de ser feita, permitindo a investidores individuais, como eu e você, comprarem livremente BDRs.
BDRs são recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas no Brasil.
Desta forma, esses recibos já existentes no Brasil, mas antes restritos aos investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão), passam a representar maior concorrência com ativos existentes.
É possível que investidores que estejam com ações do 💥️Itaú e do 💥️Bradesco possam considerar vender seus papéis e comprar BDRs da 💥️Goldman Sachs.
Empresas que no Brasil vinham desfrutando da maior liquidez nos mercados e de um maior número de investidores – e por esta razão eram negociadas a uma razão de P/L (Preço sobre Lucro) muito esticada, tendem a sofrer com o acesso dos investidores aos BDRs.
Esse é o segundo item que busco endereçar a você.
“Empresas que no Brasil vinham desfrutando da maior liquidez nos mercados e de um maior número de investidores tendem a sofrer com o acesso dos investidores aos BDRs”, diz Marink Martins (Imagem: Unsplash/@adamaszczos)
Opções como quebra-molas
O terceiro item é um pouco mais técnico, tem a ver com o mercado de opções, que eu atuo na linha de frente.
Aqui quero chamar sua atenção para o seguinte: o Brasil sempre contou com um mercado que teve um único ativo, uma única empresa, com um mercado de derivativos muito agitado.
Nos anos 1990, essa única empresa era a Telebrás. Já no começo do milênio, a Telemar era a bola da vez, depois passando o bastão para 💥️Petrobras e 💥️Vale.
Em um determinado momento, a Petrobras e a Vale dividiam a liquidez deste mercado.
Agora, com muitos investidores novos (e liquidez excessiva no mercado), vemos uma enorme liquidez no mercado de opções em diversos ativos.
Você vê isso ocorrendo não somente na Petrobras, mas na 💥️Via Varejo, na 💥️Cogna Educação, nas ações do Itaú.
Isso é bom? Sim, para aqueles que buscam taxas no mercado, que querem atuar de uma forma não direcional no mercado, como eu que procuro realizar operações com características de renda fixa dentro da renda variável.
É positivo também para investidores que buscam proteção, com desejo de ter uma carteira de ações bem diversificada e querem se proteger de uma maneira muito específica, comprando opções de venda em diversos papeis, por exemplo.
Por um outro lado, isso não é positivo no que diz respeito à possibilidade do papel ficar mais livre, do papel subir e passar por um processo de valorização exponencial.
Isso pode ocorrer, e o mercado de opções pode ser até agravar isso, sendo um catalisador para tal processo.
Contudo, em boa parte do tempo, o mercado de opções acaba representando uma espécie de quebra-molas no processo de apreciação do ativo.
Por quê? Pelo motivo do contrato de opção permitir ao vendedor a possibilidade de fabricar sinteticamente novas ações.
Então, vamos pensar aqui: se você tem muita liquidez nos mercados, muitos investidores e um número constante de ativos a serem investidos, bem, essa liquidez pode fazer com que esses ativos subam.
Agora, se o número de ativos deixa de ser uma constante e passa a ser uma variável, sofrendo influência do mercado de opções, bem, aí você tem uma espécie de quebra-molas.
Então é isso. São três premissas, IPOs, BDRs e mercado de opções, que merecem uma atenção especial, uma interpretação mais cuidadosa.
Fico por aqui. Muito obrigado pela sua atenção.
Até a próxima quinta-feira!
Um abraço,
Marink Martins.
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