Agricultores divergem de tradings sobre proteção da Amazônia
A decisão da Aprosoja de encerrar a parceria de mais de uma década com a principal associação do agronegócio do país foi resultado da união da Abag com ambientalistas (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)
A crescente pressão sobre o papel da agricultura no desmatamento da 💥️Amazônia divide produtores de soja e tradings.
A Associação Brasileira dos Produtores de 💥️Soja (Aprosoja) decidiu deixar a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que representa tradings como a Cargill e a chinesa Cofco, além de fornecedores como Deere & Co. e bancos como o Rabobank.
A decisão da Aprosoja de encerrar a parceria de mais de uma década com a principal associação do 💥️agronegócio do país foi resultado da união da Abag com ambientalistas em um grupo que pressiona o governo a tomar medidas contra o desmatamento.
Esse grupo, chamado de💥️ Coalizão Brasil e formado por 250 empresas e organizações, enviou uma carta ao governo federal em julho na qual afirma que as percepções globais negativas sobre o meio ambiente são potencialmente prejudiciais à reputação do país e aos negócios.
No mês passado, a Coalizão Brasil enviou ao governo propostas para combater o desmatamento e melhorar a fiscalização.
“A Abag não conhece a posição do campo sobre isso. Ela representa as tradings, grandes indústrias e bancos”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja, em entrevista por telefone. “Estão dando mais voz aos ambientalistas do que a nós.”
A pressão pelo desmatamento zero na Amazônia é um exemplo de ações “desnecessárias” apoiadas pela Abag, disse. O Código Florestal permite que agricultores desmatem até 20% de suas propriedades localizadas em áreas de florestas na Amazônia. Para o presidente da Aprosoja, a Abag “não gosta do governo e está ajudando a comprometer sua reputação”.
A ruptura entre dois dos grupos agrícolas mais influentes no 💥️Brasil reflete divisões crescentes em torno do posicionamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a Amazônia. O líder defende aumentar as atividades agrícolas e de mineração na maior floresta tropical do mundo.
Em contraste com as declarações dos agricultores, a Abag diz que não apoia o desmatamento zero na Amazônia, mas defende a punição de práticas ilegais.
O agronegócio está sob pressão crescente de clientes e investidores para desempenhar um papel mais ativo na proteção da Amazônia.
“Sempre apoiamos e sempre apoiaremos os produtores, inclusive os de soja”, disse Marcello Brito, presidente da Abag. Em comunicado, o grupo lamenta a saída da Aprosoja da mesa de diálogo.
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