China amplia fornecedores globais e pressionará no futuro seus dependentes atuais, como o Brasil
Apetite chinês vai ser disputado por outros fornecedores ao longo do tempo (Imagem: REUTERS/Fang Nanlin)
A história moderna das importações agropecuárias pela 💥️China mostra como o país foi forçado a diversificar suas fontes à medida que o seu desenvolvimento exigia volumes maiores de calorias para alimentar o povo e a criação de animais.
Meio silenciosamente, vai tentando abrir um novo capítulo, agora com estratégia.
Depois de uma guerra comercial infindável com os 💥️Estados Unidos & acrescida de disputa por dominância global tecnológica e política que pode beirar até conflito –, da dependência perigosa de poucos mercados e de um ritmo de crescimento econômico longe de esgotar as necessidades da sua classe média que já quase supera 1 bilhão de pessoas, Pequim mede os passos na diversificação das origens de suprimento.
O programa deve demorar, mas a obstinação chinesa o levará a frente, gerando, no futuro, mais países a também dependerem de seu mercado. A questão que se coloca, desde já, é como os países que atualmente precisam da China para comprar seus excedentes – e excedentes desenvolvidos justamente para o destino asiático – vão se virar quando suas margens em volumes e faturamento começarem a ser corroídas pelos novos fornecedores?
O Brasil hoje é um desses fornecedores em 💥️minérios de ferro, 💥️carnes e 💥️soja, principalmente, e os Estados Unidos o é no último item. O diretor-presidente da 💥️Marfrig (💥️MRFG3), 💥️Miguel Gularte, disse recentemente que “tudo indica que o fenômeno China veio para ficar”, lembrando que a “cada 100 gramas de aumento per capita no consumo são 2 mil toneladas a mais” (de carne bovina), mas certamente outros mercados vão pegar um pedaço disso também.
Acordos comerciais
Recentemente, a China fez um acordo bilionário com o Vietnã para o vizinho incrementar sua produção de suínos, a carne preferia dos chineses que a peste suína africana (PSA) se encarregou de dizimar seu plantel e gerou a corrida para outras proteínas. E foi a base da explosão das importações de carne bovina do Brasil, além das de porco e de aves.
Com a 💥️Argentina, o atual governo de Alberto Fernández acelerou vários acordos, inclusive com parte dos negócios bilaterais já sendo conduzidos em 💥️yuan, e promessas de investimentos no país. O vizinho brasileiro já era importante fornecedor à China, inclusive em soja, e tende a crescer sob a tutela de Pequim.
Nos últimos dias, a imprensa chinesa deu destaque para os acordos fechados com a Tanzânia, na África Oriental, para a produção de soja. O governo chinês visualiza grande potencial produtivo nesse país, um dos maiores do continente, e vai despejar recursos, como já o faz em nações africana menores e que já garantem partes de suprimentos necessários de café, chá, frutas, carne bovina e até soja, entre os quais Etiópia, Burundi, Namíbia, Burundi, África do Sul, por exemplo.
Aliás, a África é o berço de projetos chineses de toda ordem, incluindo aqueles mais estratégicos para sua indústria, caso de minério de ferro, petróleo e terras raras. A América Latina é o segundo destino, fora da Ásia.
Domesticamente, os chineses também têm programas para fazer crescer a produção de açúcar, soja e proteína animal, especialmente em porcos. O 💥️Rabobank estima que em 2025, salvo novo revés com a PSA, o rebanho volte aos níveis do início de 2018, quando a doença se instalou. O crescimento já constante mês a mês em 2023 & 31% em 11 meses -, sobretudo na ponta estratégica de matrizes, ainda que no cômputo de 2023 ainda ficará 17% menor.
China dependência
Em 2023, a China comprou R$ 63,3 bilhões em mercadorias do Brasil, de um total exportado de US$ 224,3 bilhões. No primeiro semestre deste ano, a Secex mostra que os valores foram de US$ 41,2 bilhões, 40% a mais. Disso, 38% foram de commodities agrícolas, onde mais de 60% é soja.
O Brasil deve mandar para lá, em 2023, 82 milhões de tonelada de soja, 13% a mais que em 2023, se igualando ao recorde de 2018, quando o País aproveitou a guerra comercial estabelecida entre Pequim e Washington.
O câmbio favorável foi variável importante este ano.
Em carne bovina, se o Brasil não alcançar as 💥️850 mil toneladas este ano, ficará próximo, com um aumento de 71% sobre 2023 e de 802% sobre 2015, segundo cálculos da consultoria Agrifatto. Foi neste ano que a China continental inaugurou as compras de proteína de boi brasileira.
Para ficarmos apenas nestes dois exemplos, em algum ponto do calendário futuro, com os produtores brasileiros seguindo investindo e apostando naquele destino, o crescimento de outros fornecedores vai criar concorrência. Mesmo que bem menores que a capacidade brasileira – e americana – a soma deles deve fazer os preços caírem.
Não se conhece nenhum outro destino para esses produtos que pudesse compensar.
Ameaça adicional e de prazo mais curto para o Brasil é, enfim, uma resolução mais sólida pondo fim as disputas comerciais entre EUA e a China, eliminando o potencial de retaliação tarifária de até US$ 350 bilhões.
A fase 1 de um acordo, este ano, abrangendo a eliminação de até US$ 120 bilhões em tarifas, avançou pouco – somente a soja americana se beneficiou – depois que o novo 💥️coronavírus quebrou as expectativas econômicas e gerou distúrbios políticos com as acusações de 💥️Donald Trump sobre a leniência chinesa no combate ao vírus antes que virasse pandemia.
Mas a superação desse conflito, que esboça uma nova Guerra Fria, vai botar de vez os americanos como fortes concorrentes do Brasil em todas as proteínas animais.
E capacidade de investimentos em produção eles têm.
O que você está lendo é [China amplia fornecedores globais e pressionará no futuro seus dependentes atuais, como o Brasil].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments