Por bônus e dividendos, bancos europeus afrontam reguladores

Agência do Deutsche Bank

O tom dos bancos europeus contrasta com um cenário de deterioração em termos de novos casos de Covid-19 e restrições capazes de intensificar problemas econômicos (Imagem: REUTERS/ Andrew Kelly)

Quem olhasse apenas os números dos maiores bancos dificilmente perceberia que a 💥️Europa estava nas garras de uma pandemia que se agravava.

No terceiro trimestre, os maiores bancos da região separaram a menor quantidade de dinheiro para cobrir empréstimos de recebimento duvidoso desde a chegada do coronavírus.

O total somado foi de US$ 8,6 bilhões, ou um quinto dos US$ 39,8 bilhões provisionados no primeiro semestre. Ao mesmo tempo, instituições como o espanhol 💥️Banco Santander e o francês 💥️BNP Paribas tentam ostentar robustez financeira para convencer autoridades reguladoras de que devem retomar a distribuição de dividendos. Já o 💥️Deutsche Bank defende bônus maiores para operadores do mercado de títulos de renda fixa, que trouxeram uma bolada.

O tom dos bancos europeus contrasta com um cenário de deterioração em termos de novos casos de Covid-19 e restrições capazes de intensificar problemas econômicos. Em um momento em que o dinheiro dos contribuintes está sendo usado para suavizar o impacto de medidas de confinamento que podem levar a falências e milhões de demissões, a dissonância ameaça colocar banqueiros em rota de colisão com reguladores.

“Estamos em uma situação muito negativa, cheia de incertezas e agora não é hora de suspender a proibição aos dividendos”, disse Antonella Sciarrone Alibrandi, professora da Faculdade de Bancos, Finanças e Seguros da Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão.

“Há uma espécie de contradição em como os bancos pedem flexibilidade na regulamentação e no provisionamento para empréstimos de recebimento duvidoso, ao mesmo tempo em que querem permissão para retomar o pagamento de dividendos e bônus grandes.”

Assim como os europeus, os 10 principais bancos dos EUA reduziram as provisões somadas contra inadimplência para US$ 6,5 bilhões no terceiro trimestre, comparado a US$ 76,3 bilhões no primeiro semestre. As instituições financeiras afirmam ter cobertura adequada, mas não atraem investidores. As ações do setor nos dois lados do Atlântico estão em desvantagem neste ano.

O setor bancário foi o segundo mais atingido na Europa, após o setor energético.

Depois que sua ganância foi responsabilizada pela crise de crédito de 2008, os banqueiros tentaram ser parte da solução durante a pandemia ao conceder empréstimos a empresas paralisadas, em vez de focar apenas em suas taxas de retorno. Os bancos receberam alívio regulamentar sem precedentes, com medidas de liberação de capital para absorver perdas ou financiar empréstimos.

Na quinta-feira, a presidente do Banco Central Europeu, 💥️Christine Lagarde, lembrou que seu apoio é condicional. As instituições financeiras precisam ajudar a financiar todos os setores da economia e “não apenas as grandes contas corporativas”, disse ela, citando o agravamento da situação econômica na região. Ela avisou que alguns bancos estão oferecendo às empresas crédito com termos menos favoráveis e que a percepção de maior risco pode influenciar as decisões de empréstimo.

“O risco de crédito é a maior prioridade agora”, disse Andrea Enria, principal responsável por vigilância bancária do BCE, durante uma conferência na quarta-feira. Ele recomendou que os bancos não esperem a situação piorar para identificar os clientes que estarão em apuros.

O acúmulo de reservas no primeiro semestre e um ligeiro avanço da atividade econômica durante o verão no Hemisfério Norte podem estar por trás da redução do provisionamento pelos bancos. Os banqueiros podem ter comemorado a aceleração das negociações de ativos durante a pandemia e os juros que estão ganhando sobre empréstimos garantidos pelo governo, mas enfrentarão momentos difíceis adiante.

“É uma questão de quando, e não se, a qualidade dos ativos dos bancos vai piorar nesta crise”, disse o comandante do banco central espanhol, Pablo Hernandez De Cos. “Um ressurgimento dos casos de Covid-19 junto com a reversão das medidas de apoio pode ampliar ainda mais a cristalização das perdas pelos bancos.”

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