Max Bohm: A segunda onda do bem
“Quero olhar para a frente e enxergar uma segunda onda do bem, mais forte e que pode te gerar bons ganhos em 2023”, diz o colunista.
Chega esta época e me lembro das férias no Rio na minha adolescência.
“Chamego divertido, um clima meio libertino. De sol, de sal de mar.” Como diz a música do Cidade Negra.
Era assim mesmo. Acordávamos tarde e o destino era sempre a praia.
Não qualquer praia. Havia um tesouro sempre menos explorado na Zona Sul carioca: a Praia do Diabo, localizada entre o Arpoador e o Posto 6 em Copacabana.
O nome é uma alusão ao mar violento naquele ponto quando há uma mudança extrema no tempo. Mas a parte negativa fica só nisso.
Sem dúvidas, é uma das praias mais bonitas do Rio de Janeiro. Ali a natureza te envolvia.
Zeca, surfista de longa data, era figura carimbada no Diabo.
Nas férias, religiosamente às 11 horas, ele dava aula de surfe de peito, mais conhecido como “jacaré”, todos os dias.
Famosa pelas ondas tubulares em formato ideal, a Praia do Diabo era meu lar nas férias. Não sou surfista, nunca quis ser, mas curtia muito as aulas e os ensinamentos do Zeca.
Algumas lições nunca foram esquecidas, com as quais podemos fazer algumas analogias com o mercado financeiro: respeite sempre o mar, ele pode ser traiçoeiro quando estamos muito eufóricos; quando furar uma onda, fique esperto, pois há uma segunda sempre maior vindo por trás.
Calma, eu falei segunda onda? Nos dias atuais, essa expressão chega a dar calafrios.
Mas hoje eu não quero falar de coisas que baixem o astral. Quero olhar para a frente e enxergar uma segunda onda do bem, mais forte e que pode te gerar bons ganhos em 2023.
Antes, vamos revisitar um pouco o passado para nos prepararmos melhor para o futuro.
Em 2008, tivemos um panorama muito similar ao que aconteceu em 2023: um evento extremo causando uma desvalorização expressiva nas ações no mundo todo.
A crise financeira de 2008 trouxe pânico e medo aos mercados e, como sempre, é nos exageros que surgem as grandes oportunidades.
Com as ações altamente depreciadas e um cenário menos incerto no horizonte, o grande capital estrangeiro começou a tomar risco e comprar ações líquidas para se posicionar rapidamente em mercados emergentes.
No início de 2009, Itaú, Bradesco, Vale, Petrobras e Ambev, entre outras blue chips, rapidamente tiveram valorizações significativas no movimento que costumamos chamar de primeira onda.
Quando esses ativos logo ficaram bem precificados, os olhares não só do investidor estrangeiro, mas também dos institucionais brasileiros, se voltaram para o segundo escalão da Bolsa: as conhecidas microcaps e small caps.
Vimos movimentos de 200%, 300% e até 400% em ações desse nicho na Bolsa, principalmente bancos pequenos e incorporadoras, no que chamamos de “efeito segunda onda”. Enquanto as ações líquidas da primeira onda subiram 50%, 60%, 70%, tivemos movimentos exponenciais nas pequenas notáveis da Bolsa.
Esse cenário não foi algo pontual. Ele voltou a acontecer no começo de 2016, quando, após um quadro econômico recessivo vivido pelo Brasil, a Bolsa começou a se recuperar com o impeachment de Dilma Rousseff e o início do novo governo de Michel Temer.
Mais uma vez, as ações líquidas andaram na frente, subindo mais de 100% entre 2016 e 2017, enquanto a segunda onda em várias microcaps e small caps gerou retornos de 200% a 300% no mesmo período.
Corta para os dias de hoje e cá estamos nós, vendo a história se repetir.
Em novembro e dezembro, observamos um forte fluxo estrangeiro entrar na Bolsa brasileira em busca de ativos a preços convidativos. Há muito tempo o gringo não pisava por aqui com tanta disposição, e decidiu ir com tudo nas ações líquidas para se posicionar rapidamente em Brasil.
Resultado: o Ibovespa saiu de 94 mil pontos para 119 mil em um pulo — mais de 26% em dois meses. A Petrobras (PETR4) subiu 49%; a Vale (VALE3) teve alta de 44%; o Itaú (ITUB4), +35%; o Banco do Brasil (BBAS3) se valorizou 32%; e a Ambev (ABEV3), 31%. Tudo isso em dois meses. A primeira onda chegou para valer.
E as small caps e microcaps? Como era de se esperar, a grande maioria acabou ficando para trás e ainda está bem descontada. Não poderíamos estar em melhor momento para investir nessas pequenas notáveis. Serão as protagonistas da segunda onda em breve.
Enxergo as ações líquidas ainda muito fortes no início de 2023, sendo catapultadas pelo fluxo estrangeiro, que, na minha opinião, continuará este ano. Mas, rapidamente, vejo as blue chips atingindo seus valores justos e é aí que a segunda onda surge com força.
Não sabemos quando será o gatilho para esta segunda onda. Por isso, entendo que você deva estar preparado com uma carteira bem equilibrada e diversificada de microcaps para 2023.
Mas, Max, quero saber quais são as melhores microcaps para eu investir em 2023.
A minha lista completa está na série Microcap Alert, mas vou abrir dois nomes, cujas ações acho que vão mudar de patamar em 2023: Cury Construtora (CURY3) e Ambipar (AMBP3).
Vamos falar em poucas linhas sobre as teses de investimento.
A Cury é a incorporadora com as maiores margens dentre as listadas. Focada em baixa renda há décadas, possui um método construtivo único e consegue atingir altos índices de performance nas vendas. Em um cenário de taxas de juros em patamares baixos, mais pessoas conseguem acessar linhas de financiamento imobiliário, o que tem sido uma das grandes alavancas de crescimento para a empresa, que se beneficia do programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida). A Cury tem mostrado forte crescimento de lucros nos últimos anos e será uma grande pagadora de dividendos em 2023.
A Ambipar possui uma proposta única de valor: ajudar empresas a desenvolver as melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG), tendência que veio para ficar. Atua em dois diferentes segmentos que têm mostrado altas taxas de crescimento: gestão de resíduos e prevenção de acidentes. A Ambipar se beneficia por ser a líder de mercado em ambos os nichos, conquistando uma base de clientes diversificada, com um time de gestão experiente e um sólido track record. Capitalizada, realizará importantes aquisições em 2023, podendo aumentar consideravelmente o seu tamanho nos próximos anos.
Essas são apenas duas recomendações, mas o mais importante é você estar posicionado com um portfólio equilibrado e diversificado de microcaps.
Assim, você poderá surfar esta segunda onda do bem da melhor forma. Está preparado?
O momento é agora. Mais adiante, seu bolso vai agradecer.
O que você está lendo é [Max Bohm: A segunda onda do bem].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
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