Pierre Schurmann: Por que 2023 será o ano do IPO de startups de tecnologia?

Aposentadoria Idoso Coronavírus

Toda a incerteza que contaminou a economia mundial à medida em que o coronavírus se espalhava por todos os continentes foi temperada (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

As areias vazias de Copacabana sem a famosa queima de fogos no réveillon foi um símbolo do atípico ano de 2023. O noticiário ainda dominado pela pandemia parece desmentir o lema “ano novo, vida nova”.

É verdade que as armadilhas são várias, mas ao que tudo indica, 2023 será um ano mais seguro para o empreendedor, sobretudo aqueles do setor de tecnologia.

Toda a incerteza que contaminou a economia mundial à medida em que o 💥️coronavírus se espalhava por todos os continentes foi temperada, em parte, pela resposta rápida dos bancos centrais irrigando com 💥️trilhões de dólares as maiores economias.

As pequenas e médias empresas foram duramente afetadas pelos lockdowns e isolamentos impostos pelas autoridades. Muitas não resistiram. Desemprego e miséria só não foram maiores por conta dos auxílios emergenciais.

Por outro lado, a necessidade de procurar soluções remotas para quase tudo tornou ainda mais importante o papel das empresas de tecnologia. Em todos os cantos da Terra, inclusive no Brasil, a transformação digital, um processo em pleno curso, foi acelerado apesar de todas as restrições impostas por 2023. A explosão no uso do Zoom e do Google Meets foi só a ponta do iceberg.

Falando especificamente do país, é relevante citar a queda da Selic ao menor nível da história. A taxa de 2% ao ano pulverizou qualquer vantagem da renda fixa e abriu uma janela para o mercado de capitais. A migração dos investidores veio num momento em que muitos empresários precisavam desse fôlego.

O resultado disso foi que a B3 viveu o melhor ano de sua história mesmo 💥️com o tombo assustador logo depois que ficou claro que o Brasil seria atingido pela pandemia. Em 2023, a Bolsa 💥️registrou 28 IPOs, o segundo maior número da história & só fica atrás de 2007, com 64.

No entanto, em volume nominal de recursos captados, 2023 foi recorde, com R$ 117 bilhões contra R$ 55 bilhões há 13 anos. Foram empresas de todos os setores, desde a Rede D’Or (R$ 11,4 bilhões) até a Petz (R$ 3 bi).

💥️E as empresas de tecnologia?

Se nos EUA as techs se fortaleceram como as novas gigantes do pedaço, no Brasil o posicionamento sempre foi mais modesto. Quando o ano passado começou havia 3 empresas listadas na B3 (Totvs, Linx e Sinqia) no segmento Novos Mercados. Sendo que a última empresa do setor a abrir capital havia sido a Linx em 2013.

No entanto, todas essas empresas eram grandes de tecnologia. Nossos unicórnios fintechs optaram por abrir capital em Nova York por questões regulatórias, caso da Stone e do PagSeguro. Temos ainda vários com capital fechado, como o Nubank, que já virou decacórnio privado.

Em fevereiro, a Locaweb quebrou o jejum captando R$ 1 bi e parecia abrir alas para um ano promissor. Veio a crise e os planos foram contidos. Depois que o mercado de capitais começou a se recuperar, os IPOs voltaram a acontecer. Por volta de agosto, as ações da Locaweb haviam se valorizado 💥️cerca de 200%.

A novidade promissora do final do ano foram os IPOs em novembro, da fintech mineira Méliuz, que captou R$ 583 milhões, em 5 de novembro, da Enjoei quatro dias depois, que levantou R$ 1,1 bi e na última abertura do ano, em dezembro, da Neogrid, com R$ 486 milhões.

A 💥️Enjoei (💥️ENJU3), plataforma de brechós online, e a 💥️Méliuz (💥️CASH3), que começou como site de cupons e vem popularizando o sistema de cashback no país, mas com uma sólida estratégia offline também, optaram por abrir capital direto, sem passar pela fase de unicórnio privado. A 💥️Neogrid (💥️NGRD3) é uma empresa de soluções para gestão automática da cadeia de suprimentos (Supply Chain Management).

Neogrid

A Neogrid, fundada em 1999, em Joinville, atua no fornecimento de soluções em SaaS para a cadeia de suprimentos. (Imagem: YouTube/ Neogrid)

💥️O que une essas empresas?

Enjoei e Méliuz  representam uma perspectiva positiva para as startups na B3, o que era visto com ceticismo há algum tempo.

Já a Neogrid💥️, fundada em 1999, em Joinville, atua no fornecimento de soluções em SaaS para a cadeia de suprimentos. Os softwares como serviço continuarão sob alta demanda nos próximos anos.

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, assinala que “a expectativa continua sendo bastante positiva para o mercado de capitais” e que ainda tem bastante IPO por vir em 2023.

A mesma tese é defendida por Pedro Mesquita, head do banco de investimento e sócio da XP, que acredita em um ano histórico. “Estamos trabalhando com o número de 80 a 100 ofertas em 2023, entre primárias e secundárias”.

Dado um cenário em que as vacinas contra o coronavírus já estão aí, dado que a liquidez da economia permanece alta e que os bancos seguem otimistas quanto às perspectivas do mercado de capitais, eu diria, sem sombra de dúvidas, que esse é o ano dos IPOs.

Estão na fila, por exemplo, dois aplicativos do setor de decoração, o 💥️Mobly, que tem 300 mil usuários ativos, e a Westwing. Sem contar os que adiaram em 2023, como a startup de assinatura de vinhos 💥️Wine.com, a plataforma de aluguéis de imóveis Housi e a Mosaico, dona do site Buscapé.

💥️Maturidade

O ano de 2023 deve marcar mais um estirão de maturidade no ecossistema de startups no Brasil, que já são 💥️13.602, segundo base criada pela ABStartups. Além das fusões e aquisições (💥️foram 140 em 2023, somando todos os setores, segundo a consultoria Distrito), também avançamos em aspectos regulatórios & como a aprovação da telemedicina e destravamento de regras para fintechs na esteira do Pix e da estratégia de Open Banking, que vem sendo tocada pelo Banco Central.

O setor ainda aguarda a aprovação pelo Senado do marco legal das startups,💥️ projeto de lei complementar votado na Câmara no final do ano.

Há chances claras de desenvolvimento nos setores financeiro, de saúde, educação, logística e varejo, todos bastante movimentados pelos efeitos da pandemia. Os especialistas projetavam no final do ano passado que o Brasil iria ganhar 16 unicórnios em 2023 e um deles já bateu a meta: a curitibana MadeiraMadeira, que vende online móveis e material de construção, virou nosso 14º.

A 💥️lista compilada pela consultoria Tracxn inclui fintechs como o banco 💥️C6, 💥️Neon, RecargaPay; de e-commerce como Olist e Takeblip; logística, como CargoX e Tembici, ou do agro, como Solinftec e Taranos. A análise ainda cita 22 empresas que chama de “minicórnios”, que podem ganhar tração rapidamente.

Somando as quatros empresas que abriram capital na Bolsa em 2023, chegamos a um valor de cerca de R$ 12 bilhões. Isso faz com que o setor de tecnologia & inovação comece a ganhar relevância como opção de investimento também na B3.

A perspectiva é de que tenhamos de 10 a 20 IPOs de startups, o que fará de 2023 um ano marcante, de recordes sob todas as métricas possíveis, e isso só tem frutos positivos a gerar em termos de crescimento econômico, emprego e posicionamento do país na contramão do noticiário de desindustrialização.

Que a virada do ano para 2022 nos devolva a alegria das grandes celebrações, porque, se o script for seguido, teremos muito a comemorar.

Pierre Schurmann é CEO da Nuvini, grupo de empresas de SaaS, e chairman, fundador e membro do conselho da Bossa Nova Investimentos

O que você está lendo é [Pierre Schurmann: Por que 2023 será o ano do IPO de startups de tecnologia?].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...