Chuva na região das hidrelétricas do Brasil segue fraca no período úmido
A continuidade desse cenário exigiria que as térmicas ficassem ligadas por mais tempo (Imagem: Pixabay)
As chuvas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração do 💥️Brasil, devem continuar significativamente abaixo da média histórica em fevereiro, em um período tradicionalmente positivo para as precipitações.
Projeções divulgadas nesta sexta-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (💥️ONS) apontam para chuvas em volume importante apenas no Sul, onde a capacidade de armazenamento das usinas é baixa, com volumes inferiores em todas demais regiões.
A hidrologia negativa ainda vem em momento em que o país já tem recorrido ao uso de termelétricas para atender à demanda desde meados de outubro, mesmo com a chegada a partir de novembro do chamado “período úmido”, que vai até abril.
As chuvas devem ficar em apenas 68% da média histórica em fevereiro na região das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que concentram os maiores reservatórios, disse o ONS em boletim nesta sexta-feira.
No Nordeste, segunda região em termos de lagos, elas foram estimadas em 30% da média, enquanto no Norte, onde ficam grandes usinas, foram vistas em 66%. A projeção do ONS é positiva apenas para o Sul, com 194% do tradicionalmente visto nesta época.
“Se você pensar que o Sudeste é uma piscina olímpica, o Sul é um balde, praticamente. Como não está chovendo no Sudeste, estamos de fato em uma situação bem crítica”, disse o presidente da comercializadora de energia Bolt, Gustavo Ayala.
A continuidade desse cenário exigiria que as térmicas ficassem ligadas por mais tempo, o que pressionaria as tarifas de energia dos consumidores, acrescentou ele.
Apesar desse certo aperto na oferta, não há uma situação de risco de suprimento, uma vez que a pandemia de coronavírus desacelerou o crescimento da demanda, disse o sócio da comercializadora True, Gustavo Arfux.
“Está bem fraco mesmo (em chuvas), a perspectiva não é muito boa. Mas essa melhora no Sul ajudou um pouquinho a condição. E ainda tem fevereiro, março e abril inteiros pela frente, vamos ver o que acontece”, afirmou.
“Talvez a gente precise continuar com essa complementação (termelétrica). Mas a condição de suprimento está tranquila por enquanto. Como também o consumo não está muito grande, meio que uma coisa compensa a outra.”
O uso de térmicas, no entanto, ainda pode ser eventualmente ampliado caso o órgão ambiental Ibama decida determinar uma redução na geração da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, por preocupações ambientais sobre o volume de água liberado pela usina para o rio Xingu.
A Agência Nacional de 💥️Energia Elétrica (💥️Aneel) disse que uma decisão do Ibama nesse sentido custaria cerca de 1,3 bilhão de reais aos consumidores de energia apenas em janeiro e fevereiro devido ao uso de termelétricas mais caras.
O Ibama exigiu que Belo Monte reduzisse em janeiro sua vazão, com impacto negativo sobre a produção de energia, ao alegar impactos ambientais da usina maiores que o previsto em seu licenciamento. O órgão deve decidir nos próximos dias sobre a vazão a ser adotada em fevereiro e no restante do ano.
Demanda Recuperando
A demanda por energia, por sua vez, deve seguir em ritmo de recuperação em fevereiro, com níveis acima dos vistos antes da pandemia, embora os impactos da Covid-19 tenham feito o consumo de eletricidade no Brasil recuar em 2023, quando antes se esperava um significativo crescimento.
O ONS disse que a carga de energia do sistema elétrico interligado do Brasil deve fechar fevereiro com alta de 1,9% ante mesmo mês do ano passado.
O Sudeste/Centro-Oeste deve ter o maior aumento, com avanço de 2,7% em base anual, enquanto o Nordeste deve ver o menor crescimento, de 0,5%, segundo boletim do ONS.
Em abril passado, primeiro mês impactado por quarentenas contra a Covid-19 que fecharam comércios pelo país, a carga chegou a desabar quase 12% em base anual.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informou na semana passada que o consumo de eletricidade no Brasil recuou 1,5% em 2023. Antes da pandemia, a entidade projetava avanço de 4,2%, que seria o maior desde 2013.
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