Real tem menor espaço para valorização com dúvida sobre fraqueza global do dólar, diz AZ Quest
O real perde 3,3% em 2023, depois de tombar 22,7% em 2023, num dos piores desempenhos globais (Imagem: REUTERS/Thomas White)
O espaço para apreciação do real está menor, uma vez que a convicção de um 💥️dólar mais fraco no mundo também diminuiu e a posição técnica no mercado doméstico de 💥️câmbio piorou, avaliou nesta quarta-feira Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia macro da gestora AZ Quest.
Segundo ele, o resultado das eleições no 💥️Congresso com vitória por larga margem de candidatos apoiados pelo governo reforçou a expectativa de andamento da agenda reformista, o que é benéfico para o real.
Porém, Zerbini disse acreditar que apenas medidas vistas pelo gestor como menos polêmicas sejam aprovadas, em detrimento das chamadas reformas estruturantes.
Ele citou os projetos sobre independência do 💥️Banco Central, novo marco legal do setor de gás natural e fim do regime de partilha na exploração de petróleo.
“O que pode fazer avançarmos com uma PEC Emergencial, por exemplo, é um retorno do auxílio emergencial, mas não temos isso na conta, porque a economia está andando, estamos construtivos com a vacinação e não estamos vendo as estatísticas de Manaus se espalhando”, afirmou. Para o gestor, 100 milhões de doses de imunizantes o suficiente para vacinar 50 milhões de pessoas resolveriam o “problema do país”.
Incluindo à lista de “drivers” para o câmbio a perspectiva de alta de juros, uma posição técnica menos favorável (depois do rali do fim do ano passado) e a defasagem ante pares, Zerbini avalia que o saldo para o real ainda é positivo, com a moeda podendo ir a 5,15, 5,10 por dólar até o fim do ano, ante os atuais 5,37 por dólar.
“Porém, antes achávamos que poderia ir a 4,80 reais por dólar. O câmbio segue defasado ante pares, o problema agora é que o cenário para o dólar global não está claro”, afirmou.
O real perde 3,3% em 2023, depois de tombar 22,7% em 2023, num dos piores desempenhos globais.
“Antes tínhamos convicção de que o dólar era para baixo (no mundo), mas cada vez mais os diferenciais de crescimento têm pesado. E, nesse quesito, os Estados Unidos vão dar aula”, afirmou.
O índice do dólar contra uma cesta de moedas caiu 6,8% em 2023, pressionado por amplas medidas de estímulo de governos e bancos centrais para enfrentamento da pandemia, o que levou vários analistas a prever tendência duradoura de enfraquecimento da moeda norte-americana.
Contudo, o dólar começou 2023 em recuperação e já sobe 1,3% no período.
O euro recua 1,6% ante a divisa dos EUA, pressionado por sinais de que os Estados Unidos estão em recuperação mais rápida do que a Europa, cuja economia corre risco de voltar a uma recessão.
De acordo com Zerbini, as maiores posições de “risco construtivo” nos fundos macro da casa estão em bolsas globais (incluindo a brasileira), com cerca de 70%. Mas o mercado doméstico agora tem mais peso na composição do que antes.
Os demais 30% estão “pulverizados” entre câmbio e juros, sobretudo. O gestor espera alguma desinclinação no miolo da curva de juros, considerando o cenário político e a expectativa de normalização da Selic.
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