Entrevista: Aluguel de carros por assinatura é a nova tendência, afirma Movida
“A gente aperfeiçoou processos e durante a pandemia novos usos para o carro apareceram”, afirma o diretor financeiro da Movida (Imagem: Divulgação/Movida)
O segmento de 💥️aluguel de carros saiu fortalecido da crise da 💥️Covid-19. As gigantes do setor, como a 💥️Movida (💥️MOVI3), fizeram bonito e arrancaram elogios de analistas. Os números provam isso.
A empresa, considerada a terceira maior no mercado, 💥️viu o seu lucro líquido subir 2,5% em 2023 ante 2023. A comparação no quarto trimestre é ainda mais expressiva: somou R$ 138,7 milhões, um salto de 65% sobre os R$ 84,1 milhões de 2023.
O coronavírus, que poderia ter sido uma tragédia para o setor, com a doença obrigando o brasileiro a ficar em casa, na verdade tornou o segmento uma alternativa às medidas de restrições.
Somado a isso, há o fechamento de fronteiras entre os países, que incentivou o turismo regional, e consequentemente, o aluguel de carros por aqui.
“Como toda a crise, as empresas têm que se reinventar. E conosco não foi diferente. A gente aperfeiçoou processos e durante a pandemia novos usos para o carro apareceram”, afirma o Diretor Financeiro e de RI (Relações com Investidores) da Movida Edmar Lopes, em entrevista ao 💥️Money Times.
O executivo também destaca o forte crescimento do segmento de aluguel de veículos & RAC, rent a car, em inglês & e os carros por assinatura, que impulsionaram os números da gestão e terceirização de frotas (GTF).
Além disso, 💥️considerado por analistas a surpresa positiva do trimestre, as vendas de seminovos também chamaram a atenção.
Em 2023, a empresa aposta na normalização da economia para continuar crescendo.
“Eu não tenho nenhuma dúvida que com os fundamentos voltando, a gente vai retornar nossa trajetória de crescimento com aumento de rentabilidade”, aponta.
Há no caminho, no entanto, a fusão entre a 💥️Localiza (💥️RENT3) e a 💥️Unidas (💥️LCAM3), que criará uma gigante com 70% do mercado.
💥️Analistas veem a união como uma possível oportunidade, pois as companhias precisarão vender ativos se quiserem ver o 💥️Cade (Conselho de Administração e Defesa Econômica) dar sinal verde à operação.
Lopes, porém, acredita que ainda é cedo para tirar conclusões. “É um processo que ainda está muito no início. Vamos ver qual é a deliberação”, diz.
“No nosso balanço e olhando o que nós temos de plano-base, a gente acredita que pode crescer 25 a 30 mil carro em 2023”, destaca (Imagem: Divulgação/Movida)
💥️Veja a seguir a entrevista:
💥️MT: A Movida sai da crise do coronavírus melhor que entrou?
💥️R: Sim. Como toda a crise, as empresas têm que se reinventar. E conosco não foi diferente. A gente aperfeiçoou processos e durante a pandemia novos usos para o carro apareceram. Tanto do ponto de vista interno a gente sai fortalecido como do ponto de vista de mercado. A gente vê que tem mais possibilidades até do que a gente pensava antes.
💥️MT: A segunda onda da Covid preocupa?
💥️R: Sim, preocupa porque isso acaba afetando a economia. Entretanto, como eu falei, a gente aprendeu bastante a navegar no ambiente complexo, que foi a primeira onda, o primeiro lockdown, lá em março, abril, maio e junho, onde pouco se conhecia sobre como fazer as coisas nesse ambiente. Então acho que a empresa está mais madura. Vamos ver quais são as decisões sobre fechamento, ou não, daqui para frente.
💥️MT: Quais os principais destaques do balanço do quarto trimestre?
💥️R: No RAC (locação de carros, em português) foi um trimestre de taxas de utilizações muito altas com preços bons, preços fortes, fruto desse turismo doméstico e terrestre que foi a alta temporada aqui.
No GTF (Gestão e Terceirização de Frotas) o destaque é o crescimento, e não só do negócio B2B (negócios entre empresas), que é o tradicional de GTF, mas também no B2C (negócios com o consumidor), que é o carro por assinatura, o contrato de longo prazo com a pessoa física. Isso também ajudou a impulsionar o crescimento de GTF.
“Fica cada vez mais difícil você ter um entrante ou um pequeno player. Mas olhando para o mercado, sim, ele tem bons fundamentos”, destaca (Imagem: Facebook/Movida)
E no caso de seminovos, sem dúvida nenhuma, o preço. A questão da oferta reduzida por problemas nas montadoras fizeram com que o preço do carro novo e o preço do carro usado subissem.
💥️MT: A empresa espera fechar 2023 com uma frota de quantos carros?
💥️R: A empresa terminou 2023 com cerca de 118 mil carros. No nosso balanço e olhando o que nós temos de plano-base, a gente acredita que pode crescer 25 a 30 mil carros, dependendo das condições do ano. Então isso tudo é um cenário preliminar. Mas cabe no balanço, como a gente diz.
💥️MT: Vocês acham que o setor de aluguel de carros e a terceirização de frotas no Brasil já é algo consolidado ou há espaço para crescer?
💥️R: Eu coloco esse negócio sob duas óticas. A primeira delas sobre a ótica da consolidação. As grandes empresas, sim, já tem uma grande fatia de mercado, variando um pouquinho de RAC para GPS e seminovos. Mas o fato é que no RAC a consolidação é relevante.
Adicionalmente, no caso do RAC, você tem uma transação anunciada, que é da Localiza com a Unidas, que faria com que o maior player tivesse 70% do mercado, que sem dúvida é uma consolidação importante. Isso é menos no GTF, mas os dois negócios se comunicam pela escala.
Nós temos duas coisas: a primeira delas é o mercado, que cresce de 15% a 16% ao ano nos últimos anos.
Só que ao mesmo tempo que o mercado cresceu, houve uma consolidação. A escala é um elemento importante nesse negócio. Fica cada vez mais difícil você ter um entrante ou um pequeno player. Mas olhando para o mercado, sim, ele tem bons fundamentos.
O mercado tem boas oportunidades de crescimento por meio de novos usos. Mas para alguns dos nossos negócios a consolidação já chegou de maneira forte.
No caso de gestão de frotas, menos. É um mercado um pouco mais fragmentado, mas que deve seguir a mesma tendência do RAC em função da escala.
💥️MT: Analistas dão como certo que para a fusão entre Unidas e Localiza ser aprovada pelo Cade (Conselho de Administração e Defesa Econômica) será necessário se desfazer de alguns ativos. A Movida estuda alguma aquisição nesse sentido?
💥️R: Tem que esperar o Cade se manifestar. A essa altura já houve uma série de ofícios encaminhados para as empresas. Eu acho que ainda é cedo para dizer se vai para um lado ou vai para o outro.
Entretanto, se forem aplicados remédios nós deveríamos olhar e avaliar qualquer um. Não quer dizer que eu vá comprar. Mas é obrigação fiduciária que a gente tem de olhar. De novo: é um processo que ainda está muito no início. Vamos ver qual é a deliberação.
Cade pode colocar um freio na fusão entre Localiza e Unidas e obrigar as companhias a venderem ativos (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)
💥️MT: Como vocês observam a fusão entre a Localiza e a Unidas? Esse movimento preocupa?
💥️R: Tem dois aspectos importantes. O primeiro deles é a questão da consolidação do mercado. Em mercados consolidados tipicamente você tem mais poder de preço na mão das companhias. Isso geraria, eventualmente, um potencial adicional para a gente.
Por outro lado, com certeza a escala que a companhia combinada atinge coloca outros desafios para a gente porque, colocando nos dias de hoje, nós estamos falando de uma companhia que seria 4 vezes maior em termos de frota. É um desafio grande você competir em um negócio onde a escala conta muito.
Então tem um lado que torna nossa vida mais difícil. Por outro lado, tem essa questão que, historicamente, em mercados consolidados você tem mais poder de preço.
💥️MT: Como a empresa espera sustentar esse crescimento visto em 2023 e gerar valor para o acionista?
💥️R: A gente cresceu em 2023, o que foi muito bom, considerado tudo. Nós acreditamos que podemos acelerar o crescimento daqui para frente. Mas o nosso compromisso tem sido crescer com rentabilidade.
E era isso que a gente estava fazendo de maneira mais relevante antes da pandemia. Eu não tenho nenhuma dúvida que com os fundamentos voltando a melhorar, a gente vai retornar nossa trajetória de crescimento com aumento de rentabilidade.
💥️MT: Vocês sondam alguma aquisição daqui para frente?
💥️R: Não é parte central da nossa estratégia o crescimento inorgânico. 💥️Nós acabamos de anunciar uma empresa pequena, com menos de 2 mil carros, a Vox, no mês passado. Pode existir outra aquisição. Mas não é obrigatório. Tipicamente o crescimento orgânico tem sido mais relevante para a gente.
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