Herdeiro volta à Venezuela em busca de ativos baratos
Após anos de má gestão que fizeram a economia encolher 70% e causaram uma debandada da população, Nicolás Maduro, sucessor escolhido por Chávez, vem adotando lentamente reformas de livre mercado (Imagem: Carlos Becerra/Bloomberg)
Para os venezuelanos com idade para lembrar a época anterior a 💥️Hugo Chávez, o sobrenome Cisneros é sinônimo de opulência e tino para os negócios.
Ao longo de gerações, a família bilionária trouxe os carros Studebaker, a 💥️Pepsi-Cola e lojas de departamento para o país, lançou a DirecTV na América Latina, promoveu concursos de miss, produziu novelas e foi dona de bancos, emissoras de televisão, fábricas de sorvete e cervejarias.
A maior parte da família e do dinheiro migrou para os 💥️EUA enquanto Chávez avançava sua revolução socialista. Agora, uma nova geração de Cisneros está vasculhando o país em busca de ativos para comprar a preço de banana.
Eduardo Cisneros, neto do patriarca Diego Cisneros, é cofundador de um fundo de private equity com sede na Flórida que captou mais de US$ 200 milhões de investidores, segundo documentos apresentados à comissão de valores mobiliários dos EUA (SEC).
O 3B1 Guacamaya Fund já utilizou cerca de US$ 60 milhões desse montante ao longo do último ano para comprar empresas venezuelanas, incluindo uma fabricante de tintas, de acordo com várias pessoas a par das transações que pediram anonimato porque não têm autorização para discutir o assunto publicamente.
Com esse passo ousado, Eduardo e o sócio Rodrigo Bitar (comandante de uma boutique de fusões e aquisições com sede em Nova York) se posicionam como os primeiros a chegar em um território que, no futuro, pode ser palco de uma corrida para comprar ativos de qualidade a preços bastante descontados.
Após anos de má gestão que fizeram a economia encolher 70% e causaram uma debandada da população, 💥️Nicolás Maduro, sucessor escolhido por Chávez, vem adotando lentamente reformas de livre mercado para aliviar a crise e consolidar seu poder.
Alguns analistas preveem que a economia venezuelana vai crescer em 2023 à medida que Maduro reduz as restrições impostas por causa da pandemia. Por menor que seja, uma expansão interromperia sete anos consecutivos de contração econômica.
“As oportunidades de lucro são imensamente elevadas na primeira fase da recuperação econômica”, disse Peter West, consultor da EM Funding em Londres. “Mas o investidor também precisa ter grande apetite por risco e estar disposto a se molhar.”
Embora as transações realizadas até agora sejam pequenas, Cisneros e Bitar rapidamente se tornaram o assunto preferido de uma pequena comunidade de profissionais de investimento e fusões e aquisições em um bairro arborizado na parte leste de Caracas. Nas grandes capitais financeiras do planeta, US$ 200 milhões não vão tão longe, mas no atrofiado mercado da Venezuela, essa quantia faz da dupla uma potência imediata.
A chegada dos dois fez com que alguns venezuelanos tenham esperança de que o ponto de inflexão que eles esperam há tanto tempo — desde o colapso que veio na esteira da expansão do setor petrolífero na década de 1970 — finalmente pode estar próximo.
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