Pré-mercado: Finalmente — encerramos o primeiro trimestre

Orçamento 2023: zero gastos supérfluos / Maria Antonieta (2006)

Bom dia, pessoal!

Às vésperas do anúncio de mais um pacote fiscal trilionário nos EUA, os juros dos títulos do Tesouro americano de dez anos escalam rumo a 1,74%.

Claro, mais atividade gera mais inflação e, portanto, mais juros. O mercado está estressado, sem dúvida.

As Bolsas americanas corrigiram na véspera e os futuros de Wall Street hoje (31) flertam com um tom positivo na abertura.

A Europa abre o dia de maneira mista, com as Bolsas se alternando entre estabilidade e humor negativo.

O Brasil, depois de se descolar do internacional ontem (30), poderá verificar mais um dia bom para ativos de risco, ainda que tenhamos inúmeros desafios, como a correção de algumas aberrações contábeis no Orçamento de 2023. A ver…

💥️Ruídos institucionais tabajara

A saída dos comandantes das Forças Armadas deixou um gosto amargo na boca de muita gente, com um tom de ruído institucional no horizonte.

O mercado pouco ligou. Estava mais preocupado com o Orçamento de 2023, que precisa ser corrigido. O sentimento que fica é que a maior influência do Congresso no governo é positiva, uma vez que abriria mais espaço para Paulo Guedes.

Existe uma crise política no ar, é inegável. Ela não foi 100% formada agora, mas o momento e o Executivo atual a aprofundaram, sem dúvida.

Bolsonaro, porém, colocou em jogo elementos de crise na ala militar. É institucionalmente delicada a situação e péssima para captar recursos estrangeiros. Novamente, se a equipe econômica ainda tiver voz no final do dia, o mercado ainda confiará em Brasília.

O problema é que o Ministério da Economia ameaça debandada se o teto não for cumprido. Talvez até o Brasil desista do Brasil se isso acontecer. Tudo isso sobre mais de 3.600 mortes por dia… O curto prazo é nebuloso.

💥️Biden não saberia como ser presidente do Brasil

Hoje, a Casa Branca deverá anunciar mais um pacote fiscal, desta vez com foco em infraestrutura. A cifra?

US$ 3 trilhões, que já incluem o aumento de 28% na alíquota de impostos das empresas — a conta da pandemia chega para todo mundo —, revertendo o grande corte de impostos da era Trump (não voltaram a ser tão altos quanto na era Obama, contudo) em mais um movimento de Biden para acelerar a recuperação econômica americana no pós-pandemia.

Imaginem vocês se Biden fosse presidente do Brasil e não dos EUA. De onde ele tiraria o dinheiro? O homem gasta como nunca na história.

O novo pacote de estímulos, apesar de positivo para a economia, reforçou no mercado o temor de maior inflação, causando uma alta dos juros longos.

O movimento fortalece o dólar, principalmente contra moedas emergentes, que usualmente são mais voláteis, sensíveis e exóticas.

A verdade é que os EUA têm tudo para voar em 2023:

💥️i) mais de 100 milhões de doses da vacina já foram administradas e Biden quer 200 milhões até o fim de seus cem primeiros dias;

💥️ii) crescimento de 6,5% em 2023, com 4,5% de desemprego até o final do ano; e

💥️iii) pacotes fiscais gigantescos sequenciais.

💥️E esse comércio global aí, hein?

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deverá divulgar hoje (31) suas projeções de comércio para 2023.

No ano passado, os mercados viram o comércio global cair algo até 32%, a depender da base e da metodologia aplicada (outros indicadores mediram quedas entre 9% e 13%, que, apesar de grandes, são mais modestas do que 32%).

Claro, os modelos de previsão, pouco eficientes em ambientes como o atual, parecem inclinados a subestimar a capacidade das pessoas de se adaptarem a uma crise — revisões acontecem com frequência e, na esmagadora maioria das vezes, para cima.

Em 2023, contudo, o comércio deverá se apoiar em mudanças no padrão de consumo — de serviços para bens de consumo e, em um segundo momento, de volta para serviços. Essa reversão deverá ser vista mais para o final do ano, do segundo semestre em diante.

💥️Anote aí!

No exterior, vale acompanhar os indicadores de inflação dos preços ao consumidor da zona do euro, que vieram em linha com o esperado e não surpreendem negativamente os ativos de risco neste início de dia.

No longo prazo, as pressões inflacionárias parecem moderadas, ainda que haja choques no curto prazo.

Nos EUA, a agenda é cheia: início da apresentação dos dados de payrolls — o principal fica para sexta-feira (2) —, Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), vendas de casas e dados do setor de energia.

No Brasil, na esteira de mais resultados corporativos, o mercado ficará de olho em novidades de Brasília, que tem nos surpreendido diariamente.

Para balizar a discussão fiscal, pautada na revisão do Orçamento, teremos hoje dados do déficit público brasileiro e relação dívida sobre PIB. A taxa de desemprego, que ainda se encontra em patamares preocupantes, deverá também ser apresentada.

💥️Muda o que na minha vida?

Seria neste segundo trimestre que o mundo começaria a voltar ao “normal”?

Por um ano, a humanidade viu seu comportamento mudar brutalmente — vale destacar que nenhum modelo anteviu como nos adaptaríamos tão bem às condições expostas, embora gostemos de reclamar com frequência.

A verdade é que, diante da crise, nos vimos forçados a nos isolar, de modo a proteger o máximo possível de vidas (um sacrifício mínimo e aceitável diante da morte de milhares de pessoas por dia). Com isso, nossa economia mudou seu perfil. Viramos consumidores natos de bens e aceleramos mudanças estruturais no mercado de trabalho.

Graças à mudança, grande parte da demanda ficou represada. Estima-se que os americanos, por exemplo, acumularam US$ 1,5 trilhão em economias excedentes, as quais deverão ser desovadas na economia na primeira oportunidade. Os gastos do consumidor despencaram em 2023, mas devem aumentar ao longo de 2023, a começar com mais força no segundo trimestre.

À medida que a vida lentamente retorna à normalidade, verificamos evidências desse movimento nos principais indicadores da economia, os quais já apresentam um pouco da utilização dessa demanda empoçada. Férias, shows, jantares, viagens e roupas deverão ser segmentos bem afetados.

💥️Fique de olho!

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Um abraço,

Jojo Wachsmann

O que você está lendo é [Pré-mercado: Finalmente — encerramos o primeiro trimestre].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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