Agricultores argentinos seguram vendas de soja por incerteza com cenário cambial

Soja

A taxa de câmbio oficial do peso argentino cedeu 29,6% nos últimos 12 meses (Imagem: Pixabay)

Os agricultores argentinos têm limitado suas vendas de 💥️soja mesmo diante dos elevados preços internacionais da commodity, visando evitar exposição à frágil moeda local, enquanto produtores de país concorrentes & como 💥️Estados Unidos e 💥️Brasil— anseiam por negociar a mercadoria.

A tendência surge em momento em que o país sul-americano, maior exportador de óleo e farelo de soja do mundo, necessita urgentemente das divisas geradas pelos embarques para sair de uma longa recessão, agravada pelos efeitos da pandemia de Covid-19.

A taxa de câmbio oficial do peso argentino cedeu 29,6% nos últimos 12 meses, considerando o valor da moeda na última quarta-feira, para 92,40 pesos por dólar. Com essa volatilidade cambial, os agricultores argentinos decidiram que o grão de soja estocado vale mais do que possuir pesos no banco.

“Nossa moeda é a soja. Não podemos confiar no peso”, disse à Reuters o agricultor Francisco Santillán, da província de Buenos Aires, principal distrito agropecuário do país. Embora as exportações sejam feitas em moeda estrangeira, os agricultores recebem a moeda local em suas transações.

Segundo dados oficiais, até 31 de março os agricultores argentinos haviam comercializado 31% da soja da safra 2023/21, cuja colheita teve início há algumas semanas. Na mesma data do ano passado, essa cifra era de 37%.

Os preços da soja e do milho, enquanto isso, atingem os mais altos níveis nos últimos sete anos. Na Argentina, o preço da oleaginosa é de cerca de 330 dólares por tonelada, ante cerca de 220 dólares há um ano.

Por sua vez, os produtores dos principais concorrentes no setor, Brasil e EUA, correm para vender suas safras garantindo os preços atuais.

No Brasil, até 2 de abril os agricultores haviam vendido 66,6% da safra esperada, acima da média histórica de cinco anos para o período, de 57,1%, segundo a consultoria Datagro, que estima a produção brasileira da oleaginosa em 2023/21 em 135,48 milhões de toneladas.

Um operador do mercado de grãos nos EUA, onde o ciclo de desenvolvimento das safras é oposto ao da América do Sul, disse que alguns agricultores já estão vendendo até metade de sua próxima safra, antes mesmo de o plantio começar.

Santillán afirmou que, em vez disso, ele e seus vizinhos têm armazenado a soja em “silobags”, enormes sacos plásticos que se multiplicam nas planícies pampeanas. Eles vendem apenas o suficiente para pagar suas contas, e já pensam na próxima safra de trigo.

A indústria de esmagamento local também não espera grandes vendas por parte dos agricultores neste ano. “Muito pelo contrário”, disse um operador de uma grande empresa exportadora internacional & que, em linha com as políticas da companhia, pediu para não ser identificado.

Segundo a CIARA-CEC, câmara de empresas processadoras e exportadoras de grãos da Argentina, a indústria está operando atualmente com uma capacidade ociosa de 46%.

“O problema é o nível de incerteza, principalmente em relação à taxa de câmbio para os próximos meses”, disse Gustavo Idígoras, presidente da CIARA-CEC.

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