Abiove pede ‘sinalização forte’ do governo em relação à mistura do biodiesel

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A mistura passou de 12% para 13% a partir do leilão realizado para atender o mercado em março e abril (Imagem: REUTERS/Marcos Brindicci)

A redução da mistura obrigatória de 💥️biodiesel no diesel poderia resultar em mais exportação de óleo de soja e do grão pelo Brasil, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (💥️Abiove), André Nassar, em entrevista à 💥️Reuters.

Por isso, ressaltou ele, a indústria precisa saber se a decisão de mudar o “blend” valerá apenas para o último leilão, quando passou de 13% para 10% para abastecer o mercado em maio e junho, ou se também para os seguintes neste ano.

“Vai depender da sinalização para o próximo leilão. Se o governo não sinalizar e garantir aumento da mistura, eu acho que ou a gente vai exportar óleo ou a gente vai exportar grão,” disse ele no fim da tarde da segunda-feira.

A mistura passou de 12% para 13% a partir do leilão realizado para atender o mercado em março e abril. Mas o governo reduziu provisoriamente o percentual para 10% no último certame, diante de altos preços do óleo de soja, matéria-prima que responde por mais de 70% do biodiesel produzido no Brasil.

A consultoria StoneX alertou em meados do mês que o 💥️Brasil deve exportar mais óleo de soja e grão in natura, após uma redução na mistura no leilão 79.

No ano passado, quando a pandemia do novo coronavírus se instalou, caiu a demanda por diesel, o que também afetou o mercado de biodiesel brasileiro.

“Agora foi o governo que reduziu o mandato de biodiesel. Convencer o governo a voltar atrás é muito mais difícil do que lidar com as incertezas do mercado.”

Nassar comentou que a redução na mistura fez o preço do biodiesel ter um desconto em relação ao preço do óleo.

Desta forma, a manutenção da mistura em 10% acarretaria uma queda nas margens de esmagamento, especialmente levando em conta o alto preço da soja na bolsa de Chicago.

“Para que você vai ficar carregando soja para o segundo semestre sem margem? Melhor exportar” disse.

A Abiove ainda não refez as projeções de exportação de grãos ou óleo em 2023, pois ainda analisa o impacto da decisão do governo.

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A Abiove ainda não refez as projeções de exportação de grãos ou óleo em 2023 (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

“A gente acha que o governo está correndo um risco enorme. A gente acha que eles precisam sinalizar para o mercado que vai subir (a mistura).”

Os leilões de biodiesel acontecem a cada dois meses, mas as autoridades deveriam se pronunciar já, segundo ele, acrescentando que a hesitação do governo se traduz em insegurança no mercado.

“O governo em tese acha que tem dois meses para dizer… Mas a gente não acredita. Porque no meio do leilão ele baixou a mistura de 13% para 10%. Então ele precisa mostrar de forma firme o que vai ser.”

Em 2023, após a pandemia impactar o mercado de diesel e consequentemente de biodiesel, as tradings exportaram mais óleo de soja do que o esperado, com o Brasil fechando o ano com embarques de 1,1 milhão de toneladas, cerca de 300 mil acima do estimado em meados de julho.

Com o aumento da mistura para 13%, a Abiove projeta preliminarmente queda acentuada nas exportações de óleo de soja do país, para 700 mil toneladas, de acordo com os últimos números da associação.

Já as exportações de soja em grãos do Brasil em 2023 estão estimadas em 84,5 milhões de toneladas, um recorde que supera o volume de cerca de 83 milhões de 2023, conforme estimativa publicada no site da Abiove.

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