Com quebra ou sem quebra do café commodity, teto de sobrepreço não se rompe para os especiais
Selecionado e com processo de secagem diferenciado, cafés especiais têm prêmio e cresce em produção (Imagem: Reprodução/Embrapa)
O comércio de 💥️cafés especiais brasileiros não pega carona nas condições atuais do grão commodity. Mesmo uma quebra acentuada, como no 💥️arábica padrão está se consolidando, não serve de impulso acentuado.
Apesar do franco crescimento, sobretudo internacional, há um teto de sobrepreço.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês) ainda enxerga que o limite tem relação com o consumo menos massivo que o torrefado de prateleira.
Mesmo no atual momento, quando os embarques de cafés especiais colombianos estão atrasados pelas manifestações políticas, não está havendo impacto.
A baliza é cerca de US$ 3 acima da libra-peso da cotação do arábica commodity & cuja pontuação de qualidade é até 80 pontos & negociado em Nova York, estima Vanusia Nogueira, diretora-executiva da entidade.
De 80 a 84 pontos é a esmagadora maioria das cerca de 10 a 12 milhões de sacas de cafés especiais brasileiros, o que dá na faixa em torno de 15% a 18% da produção nacional de café. Na safra 19/20, ante 63 milhões de sacas no total, a participação dos grãos nessa faixa de qualidade representou cerca de 20%, de acordo com cálculos da BSCA.
Acima de 84 pontos, quando a sofisticação e a complexidade da bebida são mais próximas do consumidor gourmet por excelência, aí é outra história. A oferta é ainda muito mais restrita, os chamados micro-lotes, com acesso a canais também muito restritos, lembra a executiva da BSCA.
Nesse limite de pontuação, já se encontra produtores maiores e tradings fazendo a originação. “A 💥️Nespresso, por exemplo, não compra diretamente do produtor, utiliza os canais das tradings”, diz Vanusia, fazendo referência à marca da 💥️Nestlé.
Mas essa característica da produção não é considerada desafiadora. A BSCA vê o crescimento justamente nas regiões que antes eram consideradas tabus no segmento.
Se cafés especiais estavam associados somente à produção em montanha, como no Sul mineiro, hoje se vê no cerrado de Minas e Bahia e em regiões do Norte de São Paulo. Ressalva-se: os micro-lotes ainda estão concentrados nos pequenos produtores das regiões de terrenos dobrados.
Aprendizado
A infraestrutura pós-💥️colheita foi sendo melhorada, especialmente na secagem, mesmo que não se obtenha a mesma seleção de grãos na colheita como – mais uma vez se frisa – nos cafés acima de 84 pontos, quando a cata é feita manualmente.
Esse perfil, garante Vanusia Nogueira, acabou contaminando muitos produtores do café commodity. Como são vários os arábicas, a qualidade foi sendo puxada.
O mesmo processo de aprendizado que vem do campo acaba por estimular o “aprendizado do consumidor” para bebidas mais complexas. E isso agrega valor.
O Brasil está consumindo de cerca de 1,5 milhão de sacas do café especial do total ofertado, eram “600 mil há quatro anos”. O resto é 💥️Europa e 💥️Estados Unidos.
A pandemia bagunçou um pouco o viés de crescimento, quebrando a sociabilidade que a bebida proporciona nas cafeterias, mas aquelas que já estavam no e-commerce & e muitas que entraram forçadas no delivery -, estão se mantendo, acredita a diretora da BSCA.
Situação mais difícil vem sendo para aquelas que não contavam com fidelização de público e estavam instaladas em locais de trânsito, como em centros comerciais e shoppings.
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