Em meio a escândalo de vacina e apoio em queda, Bolsonaro paga caro para evitar impeachment
Bolsonaro caminha para um processo contínuo de enfraquecimento. É difícil ainda dizer se isso pode possibilitar a abertura de um processo de impeachment (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)
O presidente 💥️Jair Bolsonaro está entre a cruz das ameaças de 💥️impeachment e a espada do apoio público declinante enquanto escândalos de 💥️corrupção envolvendo acordos de compra de 💥️vacinas contra 💥️Covid-19 rondam seu governo.
Por um lado, se denunciar aliados do 💥️Congresso ligados a supostas tentativas de lucrar com encomendas de vacinas, Bolsonaro arrisca perder o apoio do grupo volúvel de partidos do Centrão aos quais se aliou para garantir que as iniciativas de impeachment naufraguem.
Por outro, se escolher proteger políticos atingidos por escândalos e seus partidos, Bolsonaro pode ficar maculado por acusações de corrupção antes da 💥️eleição presidencial do ano que vem e já está em baixa nas pesquisas.
O escândalo envolvendo a vacina indiana contra Covid-19 💥️Covaxin, no qual aliados de Bolsonaro são acusados de fazer pressão indevida em autoridades do Ministério da Saúde para acelerarem a compra do imunizante, torna-se um pesadelo para o presidente, em parte porque ele supostamente envolve o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR).
Bolsonaro e Barros negam qualquer irregularidade.
As acusações dão aos oponentes de Bolsonaro ampla munição para atacá-lo, e a dependência do presidente das siglas de Centrão, das quais vários líderes enfrentam investigações de corrupção, desmente a promessa de campanha de limpar a política brasileira que o elegeu em 2018.
“Bolsonaro caminha para um processo contínuo de enfraquecimento. É difícil ainda dizer se isso pode possibilitar a abertura de um processo de impeachment, mas tende a fragilizá-lo na disputa eleitoral”, disse Claudio Couto, cientista político da Fundação Getulio Vargas.
Mais de meio milhão de brasileiros já morreram de Covid-19, e mesmo assim o Brasil está atrás de muitos outros países na vacinação & só 11,8% de sua população está totalmente inoculada, o que torna as alegações de corrupção a respeito de encomendas de vacinas particularmente prejudiciais para o presidente.
A CPI da Covid do Senado descobriu uma suposta corrupção envolvendo elementos do Ministério da Saúde e parlamentares pró-Bolsonaro acusados de tentar pagar a mais pela Covaxin.
É improvável que o inquérito derrube Bolsonaro, mas produz manchetes diárias que aumentam as percepções públicas de incompetência e suspeitas de corrupção no governo.
Nesta sexta, após pedido de três senadores da oposição, a 💥️Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a investigação de Bolsonaro por prevaricação.
Os parlamentares argumentam que o presidente não tomou providências após ser alertado sobre supostas irregularidades envolvendo a Covaxin.
Na quarta-feira, o 💥️Ministério da Saúde anunciou a exoneração do cargo do então diretor de Logística da pasta, Roberto Dias, após ele ser acusado de pedir propina para fechar um outro acordo de compra de vacinas contra a Covid-19.
Também na quarta, parlamentares de todo o espectro político, grupos sociais e advogados apresentaram um “superpedido” de impeachment coletivo, combinando dezenas de pedidos anteriores que o presidente da Câmara dos Deputados, 💥️Arthur Lira (PP-AL), outro aliado de Bolsonaro, ignorou.
Alguns políticos começam a desertar o Centrão que blinda Bolsonaro.
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, o fez no mês passado, cogitando apresentar um candidato presidencial próprio no ano que vem.
Uma pesquisa publicada na semana passada pelo instituto Ipec mostrou que a desaprovação ao governo Bolsonaro subiu para 49%, mais do que o dobro da taxa de aprovação de 24%.
O Ipec confirmou outras sondagens que mostram que o ex-presidente 💥️Luiz Inácio Lula da Silva derrotaria Bolsonaro facilmente se a eleição presidencial do ano que vem acontecesse agora.
“Agora, com a popularidade declinante e com os recursos também minguantes do governo cada vez menores, pode ser que o Centrão mais na frente o abandone, porque já fez isso no passado”, opinou Carlos Melo professor e cientista político do Insper.
Os casos anteriores de impeachment no Brasil são Fernando Collor, que renunciou para evitá-lo em 1992, e Dilma Rousseff, do PT, afastada do cargo em 2016.
Melo diz que Bolsonaro buscou blindagem com o Centrão no momento em que Fabrício Queiroz ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente foi preso o ano passado e ele estava pressionado.
“Bolsonaro é mais dependente do Centrão que o Centrão dele. É um jogo de interesses. Enquanto Bolsonaro tiver algo a dar cargos, recursos isso tende a continuar. Quando não ha mais nada a dar do ponto de vista fisiológico, e quando esse projeto de poder parece entrar em perigo, o Centrão muda de barco, e adere rapidamente a outro projeto de poder. Não seria a primeira vez”.
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