Indígenas do Peru esperam ter ao menos uma voz em governo de novo presidente
“Há muito tempo governos prometem resolver nossos problemas, mas nada muda”, disse Ccalla (Imagem: REUTERS/Angela Ponce)
Maxima Ccalla, uma indígena quéchua de 60 anos, passou a vida lavrando o solo difícil das terras altas dos Andes peruanos, resignada a um destino muito distante das riquezas vastas dos veios de cobre, zinco e ouro ocultas nas profundezas sob seus pés.
As comunidades andinas da região de Puno, lar de Ccalla, e além se chocam há tempos com as mineradoras que extraem as riquezas da terra.
Em entrevistas recentes, muitas disseram se sentir discriminadas e marginalizadas, e acusam as mineradoras de poluírem sua água e seu solo.
Mas em um país ainda ofuscado por seu passado colonial, a ascensão política de um filho de camponeses está despertando esperanças de mudança, além de destacar as divisões profundas entre as terras altas rurais dos Andes e os assentamentos amazônicos remotos, de um lado, e as cidades litorâneas mais ricas e mais brancas, de outro.
Pedro Castillo, que usa chapéu de palha de fazendeiro e enfatiza suas raízes campestres humildes, promete dar voz aos grupos rurais “esquecidos” do 💥️Peru e redistribuir a riqueza mineral do segundo maior produtor mundial de cobre.
“O saque acabou, o roubo acabou, a agressão acabou, a discriminação do povo peruano acabou”, disse ele em um discurso em Cuzco.
O político de esquerda socialmente conservador está prestes a ser confirmado presidente depois de estimular o voto rural e indígena, inclusive em regiões ricas em minerais, como Puno.
“Há muito tempo governos prometem resolver nossos problemas, mas nada muda”, disse Ccalla em quéchua através de um tradutor enquanto trabalhava nos campos ao redor de sua casa na comunidade de Carata.
“Agora, esperamos que ele cumpra suas promessas”.
Ccalla é uma de milhões de peruanos rurais majoritariamente pobres que votaram em Castillo no segundo turno de 6 de junho. Suas exigências são simples: ela quer água potável segura para beber.
Castillo tem uma vantagem minúscula na contagem de votos, que está sendo dissecada na esteira da pressão legal de sua rival de direita, Keiko Fujimori, que alega fraude e quer anular alguns votos de áreas rurais.
Observadores eleitorais disseram que a votação foi limpa.
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