Barclays suspende transferência de fundos para a Binance no Reino Unido
O Reino Unido é a mais recente região de uma lista com outros países que acusaram a corretora cripto de não ter autorização para realizar atividades regulamentadas (Imagem: Reuters/Stefan Wermuth)
Clientes do banco Barclays no Reino Unido não podem mais transferir fundos para a corretora cripto Binance, após o banco ter banido quaisquer pagamentos feitos por cartões de crédito ou débito à corretora, até haver mais informações.
“É nossa responsabilidade ajudar a proteger o seu dinheiro”, publicou o banco com sede em Londres, em sua página de assistência no Twitter, nessa segunda-feira (5).
Além disso, a instituição financeira acrescentou que “com isso em mente, tomamos a decisão de interromper pagamentos feitos pelos nossos cartões de crédito e débito à Binance até segundo aviso, para ajudar a manter seguro o seu dinheiro.”
O comunicado foi feito duas semanas após a Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) ter afirmado que a Binance Markets Limited não estava autorizada a realizar operações cripto no Reino Unido.
“Nenhuma outra entidade do Binance Group possui qualquer forma de autorização, registro ou licença do Reino Unido para conduzir atividades regulamentadas no Reino Unido”, disse a reguladora em um informe.
“O Binance Group aparenta estar oferecendo a clientes do Reino Unido uma variedade de produtos e serviços por meio de seu site, Binance.com.”
Mais dor de cabeça para a Binance
O Reino Unido é a mais recente região de uma lista com outros países que acusaram a corretora cripto de não ter autorização para realizar atividades regulamentadas.
Em maio, foi divulgado que a corretora estava sendo investigada pelo Serviço Interno de Receita (IRS) e pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos.
Em 25 de junho, a Agência de Serviços Financeiros (FSA) do Japão emitiu uma segunda advertência contra a corretora, afirmando que esta ainda está em operação no país, mas sem registro.
Em 26 de junho, a corretora anunciou que não irá mais atender residentes da província canadense de Ontário, após a Comissão de Valores Mobiliários de Ontário (OSC) ter dado início a uma ação legal contra corretoras não registradas.
Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio (SEC) da Tailândia anunciou que entrou com processo criminal contra a Binance, devido a operações não registradas.
Fundada em 2017, a corretora cripto tinha sede, inicialmente, na China, mas, após o aumento das regulamentações cripto no país, mudou-se para o Japão, em seguida para Malta, até se autodenominar “descentralizada”, sem qualquer sede.
A Binance não divulgou quais entidades usa para realizar atividades cambiais, onde estão localizadas e se são regulamentadas nesses locais.
Embora a Binance tenha entidades em diversos locais no exterior, a corretora cripto afirmou que a unidade das Ilhas Cayman não está sendo usada para realizar atividades cambiais.
Essa afirmação foi feita após um comunicado, na semana passada, pela Autoridade Monetária das Ilhas Cayman (CIMA), no qual apontava que a corretora não era licenciada para oferecer serviços cripto.
“Binance.com sempre operou de uma maneira descentralizada. Nós, no entanto, temos entidades incorporadas sob as leis das Ilhas Cayman que realizam atividades permitidas pela lei e não estão relacionadas às atividades operacionais de negociação de criptomoedas”, afirmou uma porta-voz da Binance ao The Block.
O porta-voz acrescentou que “iremos trabalhar com as reguladoras para responder quaisquer questões que elas possam ter.”
Um pedido por mais transparência
A FCA não apenas divulgou um comunicado à Binance especificamente, mas também enviou uma carta para todas as empresas de transferência digital de dinheiro operando no país, para que estas esclareçam aos seus clientes como o dinheiro deles é protegido.
Além disso, a reguladora disse a elas para esclarecerem a diferença entre destinar seu dinheiro a uma empresa de transferência digital de dinheiro e a uma conta bancária tradicional.
“Ainda estamos preocupados que várias empresas de dinheiro digital não estejam informando adequadamente as diferenças em termos de proteções entre seus serviços e os de instituições financeiras tradicionais, especificamente que a proteção FSCS não se aplica”, escreveu a FCA, enfatizando a importância de fornecer aos clientes “uma indicação justa e importante sobre quaisquer riscos.”
A FSCS, ou Serviço Financeiro de “Ombudsman” para Suporte (FSCS), protege os depósitos de uma pessoa ou empresa em até £ 85 mil. Se uma empresa de serviços financeiros autorizada acabar falindo, como um banco, por exemplo, o Serviço Financeiro poderá pagar uma compensação.
A FCA deu um período de seis semanas para as corretoras, após a publicação da carta, para que essas pudessem mostrar a seus clientes como o dinheiro deles está protegido e esclarecer que a proteção FSCS não se aplica a eles.
Desde então, várias empresas cripto, como Coinbase, Wirex e Uphold emitiram comunicados a seus clientes.
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