Luiz Claudio Menezes: A resposta da equação para o setor de logística são as fusões e aquisições

Galpão-Logística

Segundo levantamento da Fretebras, plataforma digital para os caminhoneiros, houve um salto de 53% no volume de fretes rodoviários no primeiro trimestre de 2023

O setor de 💥️logística se viu sob forte pressão por conta das mudanças no consumo que a pandemia acelerou. A explosão do e-commerce no ano passado foi um dos fatores que impulsionou o transporte de cargas Brasil afora.

Segundo levantamento da Fretebras, plataforma digital para os caminhoneiros, houve um salto de 53% no volume de fretes rodoviários no primeiro trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado. O frete aéreo subiu até 500%.

No entanto, o que poderia ser um evento que muda todo o padrão de mercado ocorreu em um setor que é extremamente pulverizado, com muitas empresas familiares, em baixo nível de governança, e de matriz essencialmente rodoviária (75%).

Os custos logísticos no país consomem o equivalente a 12,7% do PIB, segundo a Confederação Nacional do Transportes.

Muitos desses players têm enfrentado grandes dificuldades para arcar com os investimentos necessários em tecnologia e modernização. O processo de transformação digital, que já estava em ritmo mais lento que o exigido, tornou-se ainda mais estratégico com a realidade pós covid-19.

Este cenário torna quase inevitável uma onda de consolidação, impulsionando o número de operações de fusões e aquisições.

É verdade que o processo é relativamente disperso pelas diversas áreas da economia. De acordo com relatório da consultoria KPMG, referente ao período de janeiro a março, os M&As no Brasil tiveram o trimestre mais movimentado desde que se começou a fazer esse tipo de levantamento no início dos anos 2000.

Ao todo, foram realizadas 375 operações no período, alta de 31% sobre o mesmo intervalo do ano passado e um salto de 47% sobre as 255 do último trimestre de 2023. A consultoria atribui o crescimento ao ambiente de grande liquidez combinado à necessidade de mudanças nas companhias para adaptar os negócios à pandemia.

Outro levantamento, este da plataforma Transactional Track Record (TTR), mostra que o crescimento das fusões e aquisições continua forte no segundo trimestre. Entre janeiro e maio deste ano, o número de transações avançou 36% comparado aos 5 primeiros meses de 2023. Foram 693 negócios, que movimentaram um total de R$ 221 bilhões.

Especificamente no setor logístico já havia um movimento de consolidação mais intenso desde 2023, liderado por grupos como 💥️JSL (💥️JSLG3), 💥️Sequóia (💥️SEQL3) e 💥️BBM, e que foi acelerado no ano passado, sobretudo no segundo semestre, quando o cenário da pandemia se tornou mais claro, com a explosão do 💥️e-commerce e dos aplicativos de delivery, inclusive na chamada last mile & a entrega na área urbana ou mais próxima do destino final.

Apesar do porte dessas companhias e de outras multinacionais que atuam na logística brasileira, como a DHL, a segmentação, seja por tipo de serviço, região ou mercado de atuação, ainda é muito grande no país, o que reforça a tendência de consolidação.

Segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), as 30 maiores empresas da área respondem por apenas 19,4% de participação.

Sequoia-Logística

Com a falta de fôlego financeiro para fazer frente às despesas necessárias para continuarem competitivas, o caminho das fusões e aquisições parece ser inevitável (Imagem: Sequoia/Divulgação)

Outro fator que contribui para a esperada alta das fusões e aquisições é o momento do mercado, que está mais cauteloso com relação aos 💥️IPOs.

Neste ano, só até abril, pelo menos 25 operações para abertura de capital, que tradicionalmente são usadas também para financiar aquisições e investimentos na modernização de empresas de maior porte, foram canceladas.

A maioria das empresas que não desistiu teve o preço das ações estabelecido na faixa mínima anunciada devido à baixa demanda pelos papéis.

Com a falta de fôlego financeiro para fazer frente às despesas necessárias para continuarem competitivas, o caminho das fusões e aquisições parece ser inevitável para os players de menor porte se manterem no mercado.

Os investimentos envolvem desde a automação de empilhadeiras e de centrais logísticas, passando por sistemas de inteligência artificial (AI) e Business Intelligence(BI), e outros recursos necessários às novas demandas pela logística sustentável, ligados à menor emissão de carbono, eletrificação da frota de transporte e até o aumento na reciclagem das embalagens.

Nos casos de empresas médias, recomendo fortemente preparar-se para uma eventual fusão ou venda. Duas companhias de médio porte que sejam complementares podem se tornar um player competitivo se juntarem suas operações.

O processo de fusão ou mesmo venda não é simples. Exige preparação dos donos, que pode levar anos, às vezes. Portanto, quanto mais cedo a decisão for tomada, mais rapidamente estarão prontas para poder aproveitar o melhor momento do mercado.

Depois que a empresa entra em uma trajetória de queda, o valor que os investidores estarão dispostos a pagar por elas só tende a ficar menor

Como diz a canção, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

*Luiz Claudio Menezes é associado responsável pelos negócios relativos às áreas de tecnologia, logística e serviços na Solstic Advisors, consultoria-boutique de M&A especializada em middle-market

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