Seca histórica deve afetar novamente exportação argentina de grãos no próximo ano

Rio Paraná, próximo ao Rosário, na Argentina

Os navios que partem de Rosário estão carregando 18% a 25% menos carga do que o normal devido ao baixo nível do rio, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas da Argentina (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Uma seca que ocorre uma vez a cada século reduziu o nível de água do principal canal de transporte de 💥️grãos da 💥️Argentina, reduzindo as 💥️exportações agrícolas e aumentando os custos de logística, enquanto meteorologistas dizem que provavelmente isso continuará no próximo ano.

O país sul-americano é o terceiro maior fornecedor de milho do mundo e maior exportador de farelo de 💥️soja, enquanto as exportações agrícolas são chave para gerar divisas na Argentina, país minado por três anos de recessão.

O Rio Paraná, com origem no 💥️Brasil, foi atingido por seca nos últimos três anos. Isso reduziu os níveis de água no polo portuário argentino de Rosário, na província de Santa Fé, onde cerca de 80% das exportações agrícolas do país são carregadas.

“Trata-se de um evento que ocorre uma vez em cem anos. Esse é o tipo de frequência que estamos olhando”, disse Isaac Hankes, um analista meteorológico da Refinitiv.

Na segunda-feira, o relatório do painel do clima das Nações Unidas apontou que a mudança climática está tornando os eventos climáticos extremos mais comuns.

Um meteorologista disse à 💥️Reuters que a situação poderia “piorar ainda mais depois da estação chuvosa”, que geralmente começa no final de setembro.

Os navios que partem de Rosário estão carregando 18% a 25% menos carga do que o normal devido ao baixo nível do rio, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas da Argentina.

Os custos de logística estão aumentando à medida que mais soja e 💥️milho devem ser transportados de caminhão para os portos atlânticos de Bahia Blanca e Necochea, no sul da província de Buenos Aires, onde os navios fazem uma parada final para completar a carga antes de sair para o mar.

“Precisaríamos de algo como 130% da precipitação normal entre agora e fevereiro para reabastecer os níveis dos rios. Algo menor que 100% seria uma má notícia para a bacia do rio, e entre agora e fevereiro esperamos talvez 80% do normal de chuva”, disse Hankes.

“Esperamos ver uma tendência mais úmida assim que entrarmos em outubro e novembro, que normalmente seria mais úmido. Mas, depois disso, nossas melhores indicações agora são que podemos ver um padrão semelhante ao do último ano”, acrescentou Hankes.

A primavera geralmente chuvosa do hemisfério sul começa em setembro e termina em dezembro. Mas o próximo aumento do nível da água deve apenas ajudar temporariamente o Rio Paraná.

“Pode até piorar após a estação das chuvas”, disse German Heinzenknecht, meteorologista da consultoria Applied Climatologia.

“Este nível raso do curso d’água é histórico, e é difícil prever quando poderá ser revertido “, acrescentou Heinzenknecht.

Um importante executivo argentino de uma empresa internacional de grãos com grande operação de esmagamento em Rosário concordou que a crise do Paraná provavelmente continuará no ano que vem.

O executivo pediu para não ser identificado, conforme política da empresa.

“A situação continuará crítica até outubro, melhorando no final do quarto trimestre e no primeiro trimestre. Mas a partir de abril em diante, quando a colheita de 💥️soja e 💥️milho da Argentina começa, e o maior número de navios de carga são esperados, o rio em Rosário estará de volta a um cenário semelhante ao de 2023″, afirmou.

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