Inflação de demanda da pobreza: frango inteiro sobe 2% em SP, pescoço mais de 15%
Aumento do consumo de partes menos nobres de frangos é puxado pela fome (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)
Não há estatísticas nacionais de consumo, mas o noticiário quanto ao flagelo da pobreza não deixa dúvidas do sucesso forçado dos pés, pescoço e dorso de 💥️frango, entre outras partes de proteínas animal até mais rejeitadas, como ossos com aparas de carnes.
E pesquisas pontuais e regionalizadas mostram que a inflação de demanda desses pertences, partes ou miúdos de aves – chamem-se lá como – já é sentida entre os brasileiros mais fragilizados pelo 💥️desemprego de 14%.
No estado de São Paulo, o quilo do pescoço subiu mais de 15,79% em setembro, segundo a Safras & Mercado. O dorso, mais 60%.
Não há dados sobre pés, uma vez que eram mais vendidos para graxaria e indústria de cosméticos, portanto sem histórico de levantamento no varejo.
Enquanto isso, o 💥️frango inteiro, segundo o Cepea, avançou de 2% o quilo sobre agosto.
E se o instituto da USP considera um “recorde real da série histórica” de levantamento, ampliando o acumulado do ano em valorização de 31,3%, o que será então para essas partes pouco afeitas ao gosto médio brasileiro?
Bom, o que era consumido como iguaria para alguns consumidores curiosos ou em âmbito cultural em algumas regiões – fora o sucesso relativo nas exportações para a Ásia -, virou proteína padrão, na tentativa de substituição das outras proteínas, mais caras nominalmente.
Mas também do porco e do boi muita coisa descartada agora é aproveitada nas vendas dos açougues, principalmente. O espinhaço do porco, por exemplo, em mais de 23% de valorização.
Em 2023, ano I da pandemia, segundo a 💥️Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) o consumo per capita de carne de aves foi de 45,27 kg (contra 42 de 2023). Os números de 2023 certamente serão maiores.
E se houvesse um corte estatístico sobre os cortes consumidos, certamente os pertences, parte ou miúdos estariam bem melhor posicionados.
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